Três das principais instituições científicas do Ceará, a Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap), a Universidade Estadual do Ceará (Uece) e a Universidade Federal do Ceará (UFC) manifestaram apoio ao pleito de estudantes, pesquisadores e trabalhadores brasileiros que querem aperfeiçoar suas experiências acadêmicas ou profissionais no Exterior.
Formando a Frente Ampla dos Estudantes, Pesquisadores e Trabalhadores Brasileiros, essas pessoas (muitas das quais que nasceram, residem ou estudam no Ceará) pedem que governos de países europeus (entre outros) reconheçam a educação e o trabalho como "motivos imperiosos", para entrada de pessoas vindas de nações que integram a chamada "lista vermelha" de restrições contra a pandemia de Covid-19.
Para o cientista chefe da Funcap, Antônio Gomes Souza Filho, "a resistência a essa abertura representa um atraso para algumas áreas de pesquisa. O Ceará ainda tem muito espaço para ampliar sua participação nas redes e consórcios internacionais. Temos enormes prejuízos. Várias colaborações foram atrasadas, e outras canceladas. Eu mesmo coordeno e participo de projetos que estão atrasados por essa razão. Creio que essa articulação deveria ser feita pela diplomacia brasileira junto aos diferentes países".
Já a pró-reitora de Pós-Graduação e Pesquisa da Uece, Maria Lúcia Duarte, lembra que "em 2021, nós tivemos dez aprovações no Programa de Doutorado Sanduíche no Exterior (PDSE) da Capes. É muito importante que eles consigam ir. Com essas restrições, eles estão pedindo para adiar o início das aulas, até porque muitos se vacinaram. A Uece fez uma solicitação às nossas autoridades sanitárias para vacinar esses dez alunos que foram selecionados, mas não foi autorizada essa vacinação, sob a alegação de que foi aberta ao público-geral. Falta uma preocupação com a formação dos nossos pesquisadores".
Por sua vez, as pró-reitorias de Relações Internacionais e Desenvolvimento Institucional (Prointer) e de Pesquisa e Pós-Graduação (PRPPG) da UFC, embora tenham manifestado apoio ao pleito de que países europeus considerem o estudo como "motivo imperioso" para receber estrangeiros, minimizou o risco de os estudantes aprovados não conseguirem iniciar seus respectivos cursos.
"Os que já obtiveram aceites estão com viagens previstas para o mês de setembro (início do próximo ano letivo na Europa). Nesse período, segundo previsão do Governo do Estado do Ceará, a população acima de 18 anos já terá recebido a vacina", argumentam as pró-reitorias em nota conjunta.
O pró-reitor Augusto Albuquerque, que dirige a Prointer, disse ainda que "não são apenas os estudantes que foram barrados, mas sim todos aqueles que deixaram de se planejar" e afirmou que foram disponibilizados "todos os documentos necessários para as candidaturas ao Exterior".
Por fim, ele enfatizou que a universidade está "entrando em contato não só com as instituições, mas também com os consulados para buscarmos a melhor orientação para nossos estudantes".