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Sindicato diz que há uma política de sucateamento para justificar a venda
Reportagem

Sindicato diz que há uma política de sucateamento para justificar a venda

'Sucateamento'
Edição Impressa
Tipo Notícia

O diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Correios e Telégrafos e Similares do Estado do Ceará (Sintect-CE), Marcílio Lima, chama atenção também para os desdobramentos que uma privatização dos Correios pode gerar na economia de cidades menores e mesmo na questão do desemprego. Em todo o Brasil são mais de 90 mil empregados da empresa. Deste, 2,2 mil no Ceará. Para ele, há uma política de sucateamento em curso dentro da empresa - e pelo Governo - para justificar a venda da estatal.

"A gente sabe que nosso serviço tem problemas, que existe atraso em entregas, mas esses casos estão longe de ser a maioria e muito menos ocorrem por ineficiência dos funcionários".

Ele diz que desde 2011 a empresa não fez mais contratações e, de lá para cá, ocorreram mais de três planos de demissão voluntária de onde saíram mais de 30 mil funcionários. "E mesmo assim, conseguimos entregar bons resultados. Inclusive, ano passado, mesmo com toda a pandemia, em que não paramos, os Correios tiveram lucro de R$ 1,5 bilhão".

Lima reforça que esse enxugamento de quadro e processo de precarização das condições de trabalho vêm na contramão da lógica de dinamização e adensamento das cidades e do próprio crescimento do comércio eletrônico no Brasil e no mundo.

"Não há dúvidas de que existe uma sabotagem por quem está gerindo a empresa e do próprio Governo para colocar a população contra os Correios para que concordem com a privatização. Mas o maior prejudicado é a população, principalmente, quem mora naqueles municípios menores. Em Tururu, próximo à Itapipoca, por exemplo, os Correios é o único elo que liga os comerciantes aos grandes centros de produção, mas não é como um ponto que dá lucro. Qual empresa vai querer assumir essas áreas de menor viabilidade econômica?".

Marcílio acredita que mesmo a proposta de estabilidade de 18 meses aos funcionários, como chegou a ser sugerida pelo relator da PL, não resolveria. "Só estabilidade não resolve porque queremos a continuidade da empresa pública. Entendemos que não é só o nosso emprego que está em jogo, é um patrimônio público e o oferecimento de um serviço que tem função social para a população. Com a privatização, vamos sofrer mais um apagão: o postal".

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