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Presidente de Cuba acusa EUA de querer provocar 'revoltas sociais' no país
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Presidente de Cuba acusa EUA de querer provocar 'revoltas sociais' no país

| Tensão | Presidente cubano critica embargo. Protestos colocam ilha entre prioridades de Biden
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MIGUEL Diaz-Canel chegou a ir a protesto em San Antonio de los Baños
 (Foto: YAMIL LAGE / AFP)
Foto: YAMIL LAGE / AFP MIGUEL Diaz-Canel chegou a ir a protesto em San Antonio de los Baños

O presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, acusou ontem os Estados Unidos de impor "uma política de asfixia econômica para provocar revoltas sociais no país", um dia depois de protestos históricos. Joe Biden, presidente americano, pediu-lhe que "ouça seu povo".

Em transmissão ao vivo pela televisão e pelo rádio, o líder comunista, rodeado por vários de seus ministros, garantiu que seu governo está tentando "enfrentar e superar" as dificuldades diante das sanções dos EUA, reforçadas desde o mandato de Donald Trump. "O que querem com essas situações? Provocar revoltas sociais, provocar mal-entendidos" entre os cubanos, mas também "a famosa mudança de regime", denunciou o presidente.

Biden, por sua vez, pediu ao "regime cubano que, em vez de se enriquecer, ouça seu povo e atenda suas necessidades", segundo nota. "Estamos com o povo cubano e seu claro apelo por liberdade", disse ele.

Os protestos do fim de semana colocaram na lista de prioridades de Biden a situação social de Cuba, um tema que ele pretendia fazer avançar lentamente e, segundo especialistas, provavelmente arruinará as perspectivas de uma nova abertura para a ilha a curto prazo.

Os EUA mais uma vez endureceram sua política em relação a Cuba com o governo de Donald Trump (2017-2021), após a normalização das relações durante o mandato de Barack Obama (2009-2017), que considerou que os esforços realizados em mais de meio século por Washington para derrubar o regime de Havana falharam.

Biden, que foi vice-presidente de Obama, ordenou uma revisão da política sobre Cuba ao assumir o cargo, mas a Casa Branca disse claramente que não tem pressa e que a questão "não está atualmente entre as principais prioridades do presidente".

A postura em relação a Cuba segue em linha com a política interna dos Estados Unidos, com uma comunidade cubano-americana fervorosamente anticomunista com enorme peso eleitoral na Flórida, um estado-chave para se chegar à Casa Branca.

Ryan Berg, especialista em América Latina no Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, disse que o governo Biden vê mais urgência em abordar a migração da América Central, outro assunto doméstico quente, do que a situação com Cuba.

Como candidato, Biden estava disposto a restaurar os avanços obtidos durante o governo Obama, retirando as restrições às remessas e viagens a Cuba, que fica a apenas 150 km da Flórida.

Mas ele ainda não cumpriu essa promessa e permaneceu em silêncio sobre uma decisão de última hora do Departamento de Estado de Trump de declarar Cuba um Estado patrocinador do terrorismo, algo que acarreta sanções severas.

Berg espera que Biden acelere a revisão da política para a ilha, mas disse que seria difícil para o democrata renovar a abertura se Cuba reprimir os protestos. "Isso poderia forçar o governo Biden a recuar, embora pelo menos o force a prestar atenção", explicou. (AFP)

 

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