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Alta dos juros não deve frear aquecimento do mercado
Reportagem

Alta dos juros não deve frear aquecimento do mercado

Para entidades
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Depois de passar os anos entre 2015 e 2019 praticamente sem lançamentos de novos empreendimentos, o mercado imobiliário vem experimentando na pandemia um novo boom. No primeiro semestre deste ano, somente os financiamentos imobiliários movimentaram mais de R$ 1,65 bilhão no Ceará. Alta de 169% em relação ao primeiro semestre de 2020 e o terceiro maior crescimento do País, segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).

No Brasil, o financiamento também foi recorde, de R$ 97 bilhões. Até o fim deste ano, a projeção é de que esses números cheguem a R$ 195 bilhões, crescimento de 57%.

A presidente da Abecip, Cristiane Portella. diz que a previsão já leva em conta a elevação considera a Selic a 7% ao ano, com consequente elevação dos juros bancários. "Certamente, vamos ver ainda mais alguns reajustes de taxas por parte das instituições financeiras, mas dado o momento atual, a concorrência, acredito que ainda ficaremos dentro dos menores patamares históricos de juros no Brasil. A tendência é de alta, mas não em um patamar que reduza o apetite para compra de imóveis".

Ela reforça que apesar dos preços dos imóveis estarem subindo, este ainda é um indicador que está crescendo em ritmo menor que o da inflação. "Se a gente deflacionar pelo IPCA, os preços ainda não chegaram ao nível de 2014, por exemplo. Então, ainda tem muita oportunidade de aquisição de imóveis com preços relativos atraentes".

E, em Fortaleza, ao longo de todos os meses deste ano, o Índice Geral do Mercado Imobiliário Residencial (IGMI-R), que mede a inflação do preço dos imóveis financiados no País, cresceu abaixo da média brasileira. Em junho, ficou em 0,48%, enquanto o Brasil registrou alta de 1,6%.

Para o presidente do Sindicato das Construtoras do Ceará (Sinduscon -CE), Patriolino Dias, esses preços mais baixos passam pela questão do estoque alto de unidades que tinha no Estado. O que combinado a uma taxa de juros baixa e a uma mudança de hábitos dos consumidores na pandemia, em especial, no sentido de valorização das moradias, explicam o aquecimento do mercado.

Hoje, o estoque está estimado em 8 mil unidades. O que deu fôlego para que, em 2020, o Valor Geral de Venda (VGV) chegasse a R$ 1,6 bilhão em 2020. "E esse ano acreditamos que deve chegar a R$ 2,3 bilhões".

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