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Bate-pronto: O movimento da inflação
Reportagem

Bate-pronto: O movimento da inflação

Fábio Castelo Branco, economista e conselheiro do Corecon-CE
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Fábio Castelo Branco, economista e conselheiro do Corecon-CE (Foto: Acervo Pessoal)
Foto: Acervo Pessoal Fábio Castelo Branco, economista e conselheiro do Corecon-CE

O POVO - Como o senhor analisa o impacto desse momento de crescimento da inflação?

Fábio Castelo Branco - O centro da meta de inflação, em 2021, é de 3,75%. Pelo sistema vigente no País, será cumprida se ficar entre 2,25% e 5,25%. Ou seja, a projeção do BC já está acima do teto do sistema de metas. Se a meta não é cumprida, o BC tem de escrever uma carta pública explicando as razões que fizeram com que a inflação fugisse do controle da instituição. A inflação recente tem sido afetada pelo significativo aumento dos preços de "commodities" (produtos básicos com cotação internacional, como alimentos, minério de ferro e petróleo). Outro motivo da pressão inflacionária nos últimos meses é relacionado à persistência do cenário de restrições de oferta de alguns materiais e insumos, e a degradação do cenário hídrico, que tem rápida repercussão sobre o preço da energia elétrica mediante o acionamento de bandeiras tarifárias. Esses motivos mais do que compensaram os efeitos desinflacionários do agravamento da pandemia sobre os preços de serviços e da recente apreciação do real.

OP - Existem opções de medidas estruturantes que podem ser tomadas para diminuir os efeitos no curto prazo?

Fábio - O principal instrumento de curto prazo para controle da inflação é a política monetária, ou seja, a política de juros do Banco Central. Esse é o instrumento mais rápido e mais utilizado. O governo é o dono do dinheiro, tendo, então, a prerrogativa de tabelar seu preço. O controle da inflação passa por medidas de aperto fiscal e monetário. Ou seja, gastos públicos mais baixos, impostos mais elevados e juros mais altos. No curto prazo, essas decisões ajudam a conter a demanda por bens e serviços - e uma demanda mais baixa para uma dada oferta no curto prazo faz com que o ritmo de aumento dos preços seja menor. Isso quase sempre tem um impacto recessivo na economia.

OP - Passamos por um momento de preocupação com o descontrole da inflação?

Fábio - Passamos, sim, por um momento de preocupação, onde o governo, empresas e sociedade em geral têm o papel fundamental no controle da inflação. Analisando os dados do IBGE, vemos que a inflação acumula alta de 3,77% no ano, ou seja, quase o número consolidado do ano passado. Nos últimos 12 meses, julho a junho/21, a inflação é de 8,35%, chegando ao perigoso patamar de dois dígitos, muito acima do teto colocado pelo Banco Central de 5,25%, e isso realmente é muito preocupante.

 

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