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2ª onda se dispersou para bairros centrais e menos afetados na primeira onda
Reportagem

2ª onda se dispersou para bairros centrais e menos afetados na primeira onda

|IDADE|Na primeira onda, casos começaram por com pessoas que vinham do exterior e de outros estados. Na segunda onda, difusão foi por jovens que passaram a aglomerar
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Apesar da disseminação nas duas ondas de Covid-19 ter se iniciado pela mesma região de Fortaleza — bairros de classe alta — a propagação se deu de forma bem diferente. A primeira se dispersou inicialmente pela faixa litorânea, tanto para o leste como para o oeste da Capital. No segundo ciclo de contaminação, a contaminação se deslocou para a região central da Cidade, principalmente em bairros menos populosos.

As razões para a concentração de casos inicial nessa região são diferentes nos dois períodos. "Na primeira, porque eram casos importados de pessoas que vinham do exterior e de outros estados. Na segunda, porque foi uma população que se protegeu mais na primeira, eram jovens que passaram a fazer grandes aglomerações, causando surtos que se iniciaram na mesma área", diferencia o gerente da Célula de Epidemiologia da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de Fortaleza, Antônio Lima Silva Neto.

A primeira onda se dispersou inicialmente na faixa litorânea. Atingiu a zona oeste, do grande Pirambu, que foi a área com altíssima densidade, atingindo maior taxa de mortalidade, "onde foi muito difícil lidar com a pandemia".

Outro caminho percorrido em paralelo foi para em direção a parte leste da Cidade, que pegou o Grande Vincente Pinzon, Cais do Porto. Na porção oeste, a dispersão se deu pela divisa com Caucaia até atingir muito duramente o Bom Jardim. "Foi uma epidemia com esses principais aglomerados: grande Pirambu, Cais do Porto, Barra do Ceará e Vila Velha. Escorreu pela divisa com Caucaia, pegando também Autran Nunes, Antônio Bezerra, chegando ao Bom Jardim, Granja Lisboa, Granja Portugal e Siqueira", delimita o epidemiologista.

Já a segunda onda, de propagação mais lenta, passou a se deslocar em bairros menos populosos, menos atingidos pela primeira onda porque "existia alguma barreira imunológica". "Tanto que a segunda onda não teve uma taxa de mortalidade tão importante principalmente no Grande Pirambu e no Grande Vincente Pinzon, que foram duramente afetados na primeira (onda)", compara.

A partir do aglomerado Central/Litorâneo, de bairros de alto IDH, a contaminação se deslocou para a região central da cidade, atingindo bairros menos populosos da antiga regional 3, 4 e mais internos da regional 1. Desde o Bairro de Fátima, Benfica, Parquelândia, Damas e cai para o Sul, pegando Jóquei Clube e João XXIII.

Outra semelhança identificada entre os dois recortes temporais é que a regional 6 foi poupada em ambos os casos. Conforme Antônio Lima, isso se deve muito provavelmente pelo fato de a região ter aglomerados mais espaçados. "Embora tenha muitos óbitos e casos, não se aglomeraram de forma intensa", aponta.

Outra mudança observada foi no grupo de idade mais atingido. Conforme o epidemiologista Antônio Lima, houve um rebaixamento de faixa etária "clássico" quando a população se defronta com uma variante. "Começa a atingir pacientes mais jovens, embora a mortalidade e as complicações continuem com as pessoas mais idosas até que a vacina conseguisse ter uma cobertura razoável para construir esse muro", explica.

Embora a faixa etária tenha se deslocado e tenham sido registrados muitos pacientes graves mais jovens, a média de idade dos mortos continua em torno de 64, 65 anos. Na primeira onda, essa média girou em torno de 68 anos. "Nas internações, muitos pacientes eram mais jovens, até porque a vacinação começou pelos mais idosos e protegeu essa população mais rapidamente."

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