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Os caminhos do empreendedorismo cearense em cada link
Reportagem

Os caminhos do empreendedorismo cearense em cada link

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Cerca de 63% das micro e pequenas empresas cearenses que antes não realizavam transações comerciais online, passaram a implementar ferramentas digitais para vendas durante a pandemia, dando destaque para o pagamento por Pix. As informações integram levantamento feito pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Ceará (Sebrae), repassado com exclusividade ao O POVO.

Aliado a essa inserção digital, ainda de acordo o Sebrae, foram registrados 10 mil novos empreendimentos no Ceará, já com foco no comércio digital, apenas no mês passado, julho de 2021. “Nós temos notado um aumento cada vez maior do uso de tecnologias por micro e pequenas empresas. As mídias sociais, são hoje o palco do empreendedorismo e o Pix potencializa as possibilidades de vendas de pequenos comerciantes”, argumenta Alci Porto, diretor técnico da entidade.

Ele destaca ainda a intensificação do processo de digitalização das empresas por causa da pandemia de Covid-19, afirmando que essa nova dinâmica não foi registrada apenas em empreendimentos da Capital ou Região Metropolitana.

“Houve, em todo o Ceará, uma espécie de democratização, em um período muito curto de tempo, do uso dessa cultura do digital. Tivemos um case até na região da serra do Maciço de Baturité, onde agricultores que comercializavam seus produtos em feiras da região, migraram para um marketplace em conjunto com serviços de entregas”, destaca.

Na análise do economista Érico Veras, tal contexto é fruto de dois fatores socioeconômicos que devem ser considerados antes de mensurar se tal cenário é inteiramente positivo para a economia do Estado.

Ele destaca os efeitos da pandemia na crise econômica e os impactos da instabilidade do cenário político como elementos que atingem diretamente o contexto do empreendedorismo no Ceará e no Brasil. “Há tanto o empreendedorismo por necessidade, de quem teve a renda impactada pela pandemia e está aprendendo na prática, como o empreendedorismo por opção de quem assume algum planejamento para empreender”. complementa.

Reconhecendo essa disparidade e frisando que os empreendedores por necessidade assumem maiores riscos, Alci frisa que o Sebrae tem investido fortemente na capacitação e disseminação da cultura digital nos pequenos empreendimentos. “Queremos que todos tenham estratégias para manter vivos seus negócios, sempre com a maior competitividade”, pontua.

Como outra via de solução para amenizar os riscos associados a esse tipo de empreendedorismo, Alci frisa a necessidade de projetos de concessão de crédito simplificado associado ao treinamento de gestão, mídias sociais e educação financeira, como o Ceará Credi, iniciativa governamental, e o Crediamigo, do Banco do Nordeste (BNB).

Ao reconhecer a educação financeira e a orientação de gerenciamento de negócios como pilares do Ceará Credi, a coordenadora do programa, Silvana Parente, pontua que a digitalização bancária do microempreendedor é fundamental para o desenvolvimento regional.

"O mais importante, é termos uma tecnologia de crédito orientada, se emprestarmos demais, haverá o risco de endividamento, e se o valor for de menos ou não for gerenciado de forma adequada, o negócio não será capaz de ser sustentável", argumenta Silvana.

Lúcia Barbosa, superintendente de Microfinança e Agricultura Familiar do BNB, afirma que a entidade, ao impulsionar microempreendimentos por meio de crédito orientado, aposta na digitalização dos negócios. "A conectividade é a chance que temos para alavancar os negócios", frisa. 

Ela revela ainda que há um aumento na demanda registrada pela entidade financeira com relação aos processos de digitalização dos modelos de negócios, tanto no interior do Estado, quando na Região Metropolitana. Como prova, ela anuncia, em primeira mão, o marco de 1 milhão de usuários no aplicativo do banco, meio pelo qual a entidade oferta operações financeiras e orientações de gestão de modo virtual para seus clientes. 

"O empreendedor que está começando agora deve começar já no digital, porque o digital não tem fronteiras, não tem limitação de mercado, representa uma grande quantidade de oportunidades.", complementa.

 

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