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"Nunca vi uma situação como essa"
Reportagem

"Nunca vi uma situação como essa"

Vendedora
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Simone Santos, vendedora ambulante (Foto: Aurélio Alves)
Foto: Aurélio Alves Simone Santos, vendedora ambulante

A vendedora ambulante Simone Rodrigues dos Santos, já dedicou 33 de seus 52 anos de vida ao comércio ambulante no Mucuripe, região da orla de Fortaleza. Ela vende, principalmente, lanches como café, salgados e bolos para os pescadores que fazem parte intrínseca da cultura do bairro, de rica história, mas de presente marcado por muitas dificuldades.

"Nunca vi nada assim. Antigamente, quando a gente trabalhava aqui, era tudo mais barato. Os pescadores saíam do mar e davam peixe para nós. Agora ninguém dá mais nada, porque tudo é caro e se não tiver o dinheiro, o pescador não come. A gente vende merenda para eles, que reclamam dos preços, mas não têm como evitar. O quilo do açúcar é R$ 4, o pacote de café é R$ 6, o gás nem se fala, R$ 100 é o preço do botijão", lista.

Os custos da comerciante informal vão além dos insumos para produzir lanches e bebidas. Como não tem carro, para levar tudo até o ponto de venda na praia, Simone precisa recorrer ao transporte por aplicativo. "Todo dia a gente paga R$ 20 na ida e R$ 20 na volta de Uber. Já tira o dinheiro da comida para pagar o carro", conta.

No auge da pandemia, com o lockdown, a vendedora ficou sem renda e a família de seis pessoas teve que deixar de comer itens como carne, leite e pão. "Às vezes não tinha nada para gente comer ou tinha de tomar chá com fatia ou cuscuz", lembra.

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