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O peso do desemprego no empobrecimento nacional
Reportagem

O peso do desemprego no empobrecimento nacional

Rendimento
Edição Impressa
Tipo Notícia

Além da inflação e da perda de poder aquisitivo, o País tem sofrido com altas taxas de desemprego, que chegou a 14,1% ao fim do segundo trimestre de 2021, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), também realizada pelo IBGE.

Para o supervisor-técnico do Dieese, Reginaldo Aguiar, "os efeitos da reforma trabalhista de 2017 já estavam em estágio avançadíssimo, de modo que as pessoas perderam muito rendimento, então, a pandemia chegou e agravou o que já estava muito mal". Na visão do especialista, esse "fenômeno agora se intensifica. Você vê, por um lado, pessoas tendo que trabalhar mais horas ou passar mais horas procurando emprego, por outro lado, mais pessoas vivendo da solidariedade de parentes ou amigos".

Ele acrescenta que "muitos deles já se encontram no quadro que se chama tecnicamente de desalento, ou seja, quando a pessoa para de procurar emprego, porque não acreditam que vão conseguir. Se essa pessoa vai para a rua procurar emprego gasta mais de R$ 7 de passagem de ônibus. Se beber uma água ou café pode chegar a R$ 10. Em dois dias, que ela deixasse de fazer isso, economizaria R$ 20 para comprar um frango. Esse dinheiro faz falta para a renda familiar".

Em sentido diverso, a pesquisadora do LEP-UFC, Alessandra Araújo, disse acreditar que a questão do desemprego é anterior à reforma trabalhista e tem relação, inicialmente, com o excesso de gastos governamentais ocorrido no início da década passada, e, mais recentemente, com as crises políticas e contradições econômicas do atual governo. "Essas escolhas vêm deteriorando a relação fiscal e isso é observado pelas empresas, o que acaba gerando desconfiança e medo de investir. Por consequência, a economia roda mais lentamente e isso resulta em geração menor de empregos", avalia.

Por fim, o economista Alex Araújo pontua que, independentemente das razões que geraram o quadro atual de desemprego, uma vez instalado, ele tem um impacto muito grande sobre a renda das famílias e o empobrecimento, especialmente no Nordeste. "Quem não tem ativo, bem ou patrimônio depende basicamente daquilo que recebe cotidianamente para conseguir consumir e sobreviver. Se esse alguém perde sua fonte de renda não tem como vender um patrimônio ou usar alguma reserva de emergência para enfrentar essa ausência", conclui.

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