Sociólogo, jornalista e articulista do O POVO, Ricardo Moura afirma que ao menos dois movimentos coordenados ajudaram a reduzir as possiblidades de que policiais militares no Ceará participem mais ativamente dos atos bolsonaristas desta terça-feira, 7.
"A gente tem dois fatores no Ceará: essa ação do MP militar contra os amotinados, e isso foi um baque no movimento bolsonarista no Estado, porque são pessoas que estão sendo denunciadas e processadas", explica Moura.
O outro ponto, acrescenta o especialista, é a CPI do Motim, instalada na Assembleia Legislativa do Ceará (AL-CE), que investiga repasses das associações de militares e suposto financiamento de paralisação de PMs no estado em 2011 e 2020.
"São dois fatores que ajudam a conter o ímpeto bolsonarista no efetivo da PM", diz o pesquisador, segundo quem "essas ações serviram para provocar um certo refluxo nesse movimento".
"Os policiais vão estar presentes à paisana, quem estiver de folga e for apoiador. Mas isso não quer dizer que eles não estivessem em outras ocasiões", acrescenta. "É importante também a gente não inflar demais essa narrativa de golpe porque não podemos dar um peso além."
Ainda de acordo com ele, o comportamento das PMs no Brasil hoje deve variar de estado para estado. "O que a gente percebe é que os setores bolsonaristas da PM atuam com maior desenvoltura conforme o modo como os governadores têm lidado com esses grupos", aponta.
Assim, continua Moura, "a gente tem governadores que lavaram as mãos em relação a isso, que condenam esses atos, mas apenas na retórica, e governadores que têm tomado algumas ações de forma consequente". (Henrique Araújo)