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"O 7/9 ampliou o debate do impeachment", avalia pesquisador
Reportagem

"O 7/9 ampliou o debate do impeachment", avalia pesquisador

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Os movimentos do 7 de setembro tiveram, entre seus efeitos, o de alavancar as conversas sobre possível afastamento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

As articulações, expressas nas entrelinhas de notas assinadas por partidos como DEM e PSL, mais a alta do dólar e o solavanco das bolsas, convenceram Bolsonaro de que era preciso dar um passo atrás, ainda que sob risco de causar descontentamento entre sua base.

"O 7 de setembro ampliou o debate do impeachment para além dos partidos de esquerda. Afinal, a própria existência dos partidos está em risco na medida em que as ameaças de golpe venham a ser consumadas", analisa Pedro Gustavo de Sousa, doutor em Ciência Política pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

O pesquisador entende que as respostas que se seguiram às falas autoritárias do presidente na terça-feira foram determinantes e uma sinalização clara de que não haveria recuo, principalmente da parte do Supremo.

"As reações ao discurso do presidente foram imediatas, ampliando o leque de atores que se posicionaram. Os presidentes do STF e do TSE aumentaram o tom contra o chefe do Executivo. O presidente da Câmara dos Deputados, mesmo que de forma dúbia, também veio a público fazer a defesa da democracia", indica Sousa.

Esse movimento de resistência a partir do Judiciário e do Legislativo, que se confirmou com manifestação de Rodrigo Pacheco (DEM-MG), chefe do Congresso, deixou o presidente sob pressão. A saída foi o recuo.

Professor de Direito da Universidade Federal do Ceará (UFC), Felipe Braga afirma que outro elemento foi importante nesse quadro.

"A questão se tornou complexa pelo monitoramento que o STF tem imposto no inquérito das fake news com o bloqueio estratégico de contas, prisões etc., o que vem inibindo a organização de atos antidemocráticos", acrescenta.

Para ele, Bolsonaro "perdeu muito com os últimos eventos e as respostas duras dos presidentes do STF e TSE" e "deve recuar por um bom tempo (com críticas pontuais, mas não mais contra o STF), ou então terá sua base dissolvida em pouco tempo". (Henrique Araújo)

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