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Com custos elevados, motoristas trabalham mais
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Com custos elevados, motoristas trabalham mais

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Fortaleza, 01 de outubro de 2021. Romario Fernandes, de 27 anos, trabalha como motorista de aplicativo desde 2016. (Yago Albuquerque / Especial para O Povo) (Foto: Yago Albuquerque / Especial para O Povo)
Foto: Yago Albuquerque / Especial para O Povo Fortaleza, 01 de outubro de 2021. Romario Fernandes, de 27 anos, trabalha como motorista de aplicativo desde 2016. (Yago Albuquerque / Especial para O Povo)

"A pandemia chegou de surpresa para todos nós, passamos por momentos muito conturbados. Meus ganhos diminuíram em mais de 80%, em alguns momentos eu trabalhei o dia todo e não obtive lucro". O depoimento de Romário Fernandes, 27, motorista de aplicativos desde 2016, enumera bem as dificuldades de outros motoristas de aplicativos.

O profissional completa que os custos dos motoristas só aumentaram, enquanto as corridas continuam com o mesmo preço. "Hoje, a grande maioria das corridas que as plataformas nos enviam não têm um valor justo, os valores são inferiores aos custos da viagem, por isso temos milhares de passageiros que alegam a demora dos carros."

Fernandes criou, em janeiro deste ano, um canal na plataforma YouTube de nome "Uber do Romário Fernandes", que já conta com mais de 100 mil visualizações, após observar as constantes dificuldades que os motoristas de aplicativos vinham sofrendo em decorrência da pandemia. O canal tem o intuito de mostrar para os motoristas quais são as dificuldades da profissão, quais as melhores estratégias de ganhos e como trabalhar de forma mais segura.

Outro problema enfrentado pelos motoristas de aplicativos são as altas nos preços dos combustíveis. Entre julho de 2020 e julho deste ano, a Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) registrou um aumento de 37,75% no valor da gasolina.

"As maiores dificuldades de ser motorista de aplicativo nessa pandemia foi o medo de pegar o vírus, o barateamento das corridas, com o valor de repasse dos aplicativos muito baixo, e agora esses aumentos no preço da gasolina que dificultou bastante pro nosso setor", pontua Renato Lima, 38, motorista de aplicativo há cinco anos.

Para Israel Balaio, 28, motorista de aplicativo há três anos e meio, a alta dos combustíveis foi um fator crucial para muitos motoristas abandonarem as plataformas. "Os custos de muitas viagens se tornaram inviáveis. De janeiro até agora, meus gastos com combustível subiram cerca de R$ 1.100 mensais."

A saída encontrada por muitos motoristas foi duplicar ou até triplicar as horas que trabalham por dia para conseguir apurar o mesmo valor de antes. "Infelizmente, por muitas vezes, eu tenho que passar mais de 14 horas dentro do meu carro para faturar um valor bacana. Antes a nossa jornada de trabalho era de 9 a 10 horas por dia", desabafa Romário. (Laura Beatriz / Especial para O POVO)

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