Apontada como força-motriz da transformação digital que as telecomunicações devem passar nos próximos anos, o 5G também traz possibilidades que garantem mais segurança aos negócios, como aponta Henry Douglas Rodrigues, gerente de Pesquisa e Desenvolvimento em Inovação do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel). Segundo destaca, o leilão que será realizado no próximo dia 4, permite a criação de redes 5G privativas que podem dar mais agilidade à operação sem riscos de ataques cibernéticos.
"No mundo, o 5G vem como tecnologia habilitadora para a indústria 4.0. Hoje, toda a conectividade que tem dentro de um chão de fábrica ou é cabeada ou Wi-Fi, que não é mais adequada pela baixa confiabilidade e baixa latência, principalmente", avalia o professor, que aponta para a indústria 4.0 como principal beneficiada desta possibilidade.
De posse de uma rede 5G, na prática, a empresa consegue conectar todos os equipamentos que avaliar importante para a operação em uma mesma frequência, pela qual as informações devem circular de forma ultraveloz e sem risco de serem invadidas, uma vez que não há ligação da rede privativa com a internet, por exemplo.
Segundo Rodrigues, no mundo, a indústria é a que mais se beneficia de redes privativas. Como exemplo, ele citou uma planta da Siemens dispõe de um 5G próprio para a operação, na Alemanha. "A ideia é que tenha uma rede que não dependa de operadora nenhuma", acrescenta o gerente do Inatel.
A aplicação disso, na projeção dele, é de que os custos de instalação se tornem semelhantes aos de um Wi-Fi convencional entre 2024 e 2025, apenas 2 ou 3 anos após o início do 5G no Brasil.
Perguntado se o agronegócio também poderia fazer uso da possibilidade, o professor apontou questões técnicas que impedem a aplicação da rede privativa do 5G no campo: "Por questões de leis da física, para se obter um longo alcance na comunicação de rádio, é preciso operar com uma baixa frequência.
No 5G, a mais baixa disponível é 700 MHz. Só que o processo regulatório do espectro no leilão, reservou uma faixa de 700, mas só para operadoras".
Com isso, o agronegócio deve fazer uso do 5G em parceria com as companhias de telecomunicações que arrematarem faixas de frequência do leilão, mas não sós.
Para este nicho, inclusive, o Rodrigues trabalhou no desenvolvimento do LTE Network in-a-box, que consiste numa estação rádio base (antena) com um núcleo de rede integrado, destinada à criação de redes 4G. Criada no Centro de Referência em Radiocomunicações do Inatel, o equipamento foi transferido para a iniciativa privada e é comercializado pela Furukawa no mercado.