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Na RMF, 32,7% dos domicílios vivem com renda familiar de até R$ 275
Reportagem

Na RMF, 32,7% dos domicílios vivem com renda familiar de até R$ 275

| Pós-pandemia | O percentual é um pouco melhor do que o observado no período mais crítico da pandemia (38,7%), mas ainda distante do necessário para reverter os prejuízos da Covid-19
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O estudo do Observatório das Metrópoles também revelou que, na região metropolitana de Fortaleza, 32,7% dos domicílios sobrevivem com renda familiar de apenas um quarto do salário mínimo (R$ 275).

É um percentual pouco melhor do que o observado no período mais crítico da pandemia (38,7%), mas ainda distante de reverter completamente os prejuízos da Covid-19. No último trimestres de 2019, a metrópole cearense tinha 26,2% dos domicílios nessa situação

Para o pesquisador do Observatório das Metrópoles, André Salata, é muito preocupante que a recuperação da renda dos mais pobres esteja levando muitos meses.

"Isso significa que você tem milhares de famílias que estão há mais de um ano sobrevivendo com muito menos recurso do que estavam acostumadas. E uma coisa é passar por isso um mês, outra, é seguir por vários trimestres consecutivos, porque as medidas paliativas vão se esgotando, as reservas acabam e, portanto, a situação vai ficando mais dramática."

Ainda mais considerando a pressão da inflação sobre o custo de vida. Em setembro, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) na região metropolitana de Fortaleza subiu mais 1,22%, quase o triplo do observado no mês anterior. No ano, a inflação acumula alta de 7,84% no ano e, nos últimos 12 meses, de 11,19%.

"A inflação potencializa a perda de renda dessas pessoas. E é por isso que temos visto com mais frequência cenas de pessoas passando fome, sobrevivendo com resto de alimentos. As pessoas estão perdendo renda e os alimentos estão ficando mais caros e isso pesa muito no bolso dos mais pobres que não estão conseguindo o mínimo para sobreviver", observa Salata.

Este é um cenário que se repete na maior parte das regiões metropolitanas brasileiras. Na pandemia, de modo geral, houve um salto em cima de uma desigualdade que já era muito alta e que afetou principalmente quem estava na base da pirâmide.

No Nordeste, isso ganha proporções ainda mais graves porque é uma região que possui um mercado informal muito mais inchado. "O efeito da Covid no Nordeste tende a ser mais acentuado do que em outras localidades porque o mercado informal não oferece nem um tipo de proteção ao trabalhador", sublinha o professor.

E mesmo a retomada do emprego formal - em agosto, o saldo de empregos no Ceará foi positivo em mais de 16,5 mil vagas - não tem sido suficiente para dar maior celeridade a essa trajetória. "O emprego chega, chega pouco, mas menos do que precisaria. Mas, mais do que isso, tem também a questão da qualidade desses empregos que estão sendo gerados. O quanto essas vagas remuneram está longe do desejado, o que torna ainda mais lento a recomposição da renda."

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