Logo O POVO+
Aumento das favelas é sintoma de doença que afeta a economia há anos
Reportagem

Aumento das favelas é sintoma de doença que afeta a economia há anos

Diagnóstico.
Edição Impressa
Tipo Notícia Por

O aumento substancial de domicílios que possuem condições abaixo da ideal em localidades com pouco acesso a serviços básicos, mostra uma realidade que se tornou comum na vida de muitos brasileiros. Segundo levantamento da Fundação João Pinheiro contando com informações do IBGE, o déficit habitacional brasileiro chegou a 5,876 milhões de moradias. Pouco mais de 50% do total são correspondentes aos que estão na situação de "ônus excessivo com aluguel urbano", que é quando as famílias com renda de até três salários mínimos despendem mais de 30% desse montante com aluguel.

Há ainda mais de 1,482 milhão em habitações precárias e 1,358 milhão em coabitação (quando mais de uma família habita o mesmo domicílio). A pesquisa revela um quadro pré-pandemia, o que segundo a avaliação da economista e professora da Universidade Federal do Ceará (UFC), Alessandra Araújo, demonstra um cenário preocupante e em processo de piora.

Ela lembra que o desemprego entre os jovens e a renda média desse público está comprometida. "Isso traz poucas perspectivas para as pessoas. Quando a renda fica menor e as coisas ficam mais caras, não se sustenta um aluguel e acabam indo para os aglomerados subnormais. As pessoas se viram como podem e entram nesse processo de favelização."

Preto Zezé, presidente global da Central Única das Favelas (Cufa), ressalta que, além da moradia ruim, essas pessoas passam pelo grave problema da fome. Ele defende um plano nacional de renda e emprego, além de iniciativas urgentes que diminuam as perdas dos estudantes mais pobres.

Sobre a política habitacional, Zezé espera que investimentos aconteçam para que esse déficit diminua. "Primeiro temos um problema quanto à política habitacional. Há as pessoas que ainda moram mal e ainda têm a chegada de um novo público, por conta do aumento populacional. Aí surge a reflexão sobre o que planejamos para a cidade, se ela é inclusiva, se os bairros têm infraestrutura."

 

O que você achou desse conteúdo?