O que está ocorrendo no cenário do microcrédito cearense, de ampliação do volume de recursos disponíveis, não segue a mesma tendência do Brasil. De janeiro a outubro, o volume de microcrédito concedido somou mais de R$ 11,9 bilhões no País. Queda de 48% em relação ao montante aplicado em igual período de 2020. Enquanto isso, as taxas de juros deram um salto de 13,61%.

Em setembro deste ano, último dado disponibilizado pelo Banco Central, a taxa média de juros do microcrédito para microempreendedores pessoas físicas ficou em 43,74% ao ano. Já a taxa média de juros do microcrédito para consumo, que está em 8,16% ao ano, é 14,45% mais alta do que em setembro de 2020.

Ainda assim, são taxas que crescem em uma velocidade bem abaixo da média dos juros bancários no País. Para se ter uma ideia, os juros bancários com recursos livres (sem contar habitacional, rural e BNDES) de pessoas físicas e empresas subiram de 29,8% ao ano, em agosto, para 30,6% ao ano em setembro.

Esse é o maior patamar desde abril do ano passado, quando estava em 31,3% ao ano. E os juros médios do rotativo do cartão passam de 339,5% ao ano.

A inadimplência do microcrédito também está crescendo. Saiu de um percentual de 2,1%, em janeiro, para 2,92%, em setembro. Em relação a igual mês de 2020, a alta é de 21,67%.

Já o percentual da carteira que está com atraso entre 15 e 90 dias atingiu, em setembro, 3,66%. Um crescimento de 58,44% ante setembro do ano passado.

Para Alci Porto, esses indicadores reforçam a importância da orientação e acompanhamento de quem vai tomar crédito.

"Independente do porte da empresa ele vai ter necessidade de conhecimento. Quem toma crédito precisa aprender a fazer planejamento, administrar o capital de giro para resguardar o fixo, ter um sistema de compras adequado, saber calcular preço para não transformar esse dinheiro do microcrédito em dor de cabeça."