O aumento do número de famílias fora do principal programa de transferência de renda do País tem preocupado o Estado do Ceará, que, hoje, trabalha para mapear os impactos da migração do Bolsa Família para o Auxílio Brasil, segundo contou José Pontes Ibiapina, Secretário Executivo da Secretaria de Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos humanos.

"Preocupa porque numa situação de insegurança alimentar e agravamento da vulnerabilidade social, então, a tendência é aumentar o número de famílias da proteção social. Quando tira uma família de um programa de transferência de renda, você acaba agravando a vulnerabilidade das famílias", afirmou.

Ibiapina disse reconhecer "alguns avanços, como o reajuste no valor", mas ressaltou a necessidade de reconhecer o momento difícil para as famílias. No momento, ele disse estar contatando os municípios cearenses e assegurou que "o governo do Ceará está disponível para auxiliar a população" no processo.

Sobre as filas, ele aponta para "a falta, da parte do Governo Federal, de clareza de informação na condução desse processo de migração do Bolsa Família para o Auxílio Brasil."

"Nessa mudança, do Bolsa Família para o Auxílio Brasil, a gente teve uma situação agravada que já vinha detectando há algum tempo: a diminuição da abrangência do número de famílias que recebe o benefício no Estado do Ceará", afirmou.

O secretário executivo se refere ao processo movido no Supremo Tribunal Federal pelos governadores do Nordeste ainda em 2019 criticando o Governo Federal pela exclusão de beneficiários do Bolsa Família naquele ano. Dados do próprio Ministério da Cidadania apontavam uma queda de 7% entre maio de 2019 e março de 2020.

Nesse intervalo de tempo, o número de famílias atendidas pelo programa saiu de 7,11 milhões para 6,88 milhões nos nove estados da Região, resultando em 98,9 mil famílias a menos sendo atendidas.

"O processo ainda está tramitando, mas tivemos recentemente uma audiência e ficou definido que a União vai apresentar uma nova proposta em relação aos desligamentos. Acredito que essa ação do Bolsa Família deva repercutir sobre o Auxílio Brasil no intuito que a gente possa ter recomposição do número de famílias atendidas", estimou. (Armando de Oliveira Lima)