O município de Sobral, a 232 km de Fortaleza, é o único do Ceará a aparecer entre os 100 mais competitivos do País, mais precisamente na 83ª posição, e ainda à frente de 16 capitais. É o que revela pesquisa divulgada ontem pelo Centro de Liderança Pública (CLP), em parceria com a Gove e Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

O estudo consta da segunda edição do Ranking de Competitividade dos Municípios que analisou 411 cidades com mais de 80 mil habitantes do Brasil, a partir de 65 indicadores, distribuídos em 13 pilares temáticos e em três dimensões (Instituições, Sociedade e Economia).

Dentre os quesitos que pesaram para que Sobral figurasse entre as mais competitivas do País está o pilar “qualidade de educação”, no qual, o município cearense lidera no Estado. Nesse item, vale citar também Quixeramobim, no Sertão Central, que aparece na 10ª posição, tendo saltado 60 posições no período de um ano.

Lucas Cepeda, coordenador de competitividade do CLP, explica que esse pilar sozinho responde por 5,1% da composição do Ranking. “Se pegar o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) do ensino fundamental, tanto nas séries iniciais quanto nas séries finais de Sobral, o município tem a liderança nacional. Quixeramobim aparece na segunda colocação. No ensino médio, Sobral tem a 16ª colocação, mas, ainda, deixa a desejar um pouco no que se refere ao Enem”, detalha.

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O prefeito de Sobral, Ivo Gomes (PDT), explicou que a cidade tem muitos atrativos ligados à infraestrutura educacional. “Temos 20 mil alunos universitários e mais de 2 mil professores com PHD, doutorado ou mestrado. Esse é um capital que poucas cidades têm. Isso atrai investidores e, também, incentiva os investidores locais, principalmente no ramo imobiliário. Tem muitos investimentos nesse ramo já acontecendo, por exemplo, e outros por acontecer”, afirmou o prefeito.

Além da educação, Sobral também se destaca nos rankings de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) e de ESG (sigla em inglês para Gestão Ambiental, Social e de Governança), onde aparece, respectivamente, na 123ª (segunda do Nordeste) e na 125ª posição (terceira da Região).

O indicador “Despesa com Pessoal” é outro em que Sobral se destaca estadual, regional e nacionalmente, aparecendo com a 46ª posição nesse quesito no País. Caucaia também se destaca quanto a esse item, aparecendo pouco atrás, na 50ª posição.

O prefeito do município confirma que a gestão tem trabalhado para conciliar redução de gastos com pessoal com manutenção do número de servidores. Segundo a pesquisa do CLP, esse percentual foi de 41% em 2020, ano-base do levantamento, mas Ivo Gomes afirma que neste ano essa proporção já caiu para 34%. Vale lembrar que o limite estabelecido pela Constituição para esse tipo de despesa municipal é de 60%.

Com relação às taxas de investimento, o gestor destacou que os bons resultados decorrem do controle do custeio da máquina. “Com isso sobra mais dinheiro para investir. A gente fez uma operação com o Banco de Desenvolvimento da América Latina, de US$ 62 milhões, sendo US$ 50 milhões deles e US$ 12 milhões de contrapartida nossa, o que aumentou o investimento em infraestrutura”, exemplifica.

Apesar de comemorar esses resultados, Ivo Gomes lamenta que a cidade não tenha conseguido transformar os bons indicadores sociais e econômicos em redução dos altos índices de criminalidade, principal desafio para o município. Além disso, ele demonstra preocupação que o cenário nacional afete a tendência de atração de investimentos.

“Sobral não é uma ilha. Nós estamos inseridos em um contexto estadual de taxa de investimento também elevada, o que nos favorece, mas em uma situação do País de estagnação com inflação, o que nos prejudica. Isso nos preocupa muito porque os investidores olham primeiro a questão nacional”, conclui.

Prefeitos precisam de dados para melhorar gestão

Os dados sobre competitividade dos municípios podem servir como base para os prefeitos aprimorarem a gestão pública. Essa é a avaliação do presidente do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), João Mário Santos de França.

"O gestor tem que encarar esse indicador como uma fonte de informação para melhorar, principalmente, no caso dos municípios que tiveram pior avaliação e não ficar, como muitas vezes, acontece no meio político incomodado com a posição que ficou no ranking e criticando esse ou aquele indicador. Ele tem que assimilar o resultado, ver o que ele está fazendo bem e o que não está fazendo bem feito e pode melhorar", aconselha.

O presidente do Ipece acrescenta que "quanto mais indicadores e informações o gestor tiver melhor ele pode planejar as ações em seu município".

Sobre a pesquisa do CLP, ele ressalta o desafio comum de reduzir a questão da dependência fiscal e melhorar a gestão da segurança.

João Mário Santos de França comemora, contudo, o desempenho dos municípios cearenses em educação e no indicador taxa de investimento.

"O Ceará já está em um nível de excelência nesses dois aspectos", conclui.