Logo O POVO+
Siglas estudam "federações"
Reportagem

Siglas estudam "federações"

| 2022 | Nova modalidade de aliança eleitoral, instituída neste ano, pode ajudar parlamentares de partidos como PSB, PV, PCdoB e até PT
Edição Impressa
Tipo Notícia

Fora das duas principais "ondas migratórias" que já se anunciam no Ceará, integrantes de siglas menores no Estado já articulam a instituição de uma ou mais federações de partidos para ampliarem as chances de seus candidatos na eleição de 2022.

A medida é articulada hoje sobretudo por partidos como o PSB, PV, Rede e o PCdoB, mas pode contar no Estado com participação até siglas como o próprio PT. Os acordos, no entanto, são complexas e acabam dependendo mais das direções nacionais das legendas.

Instituída por uma lei promulgada neste ano, as federações remetem às antigas coligações feitas entre partidos, mas possuem uma série de critérios e exigências novas. Elas devem durar, por exemplo, pelo menos os quatro anos do mandato e devem ter abrangência não só estadual, como nacional, além de exigirem certo grau de afinidade ideológica e programática.

Ou seja, federações que forem criadas para a eleição de 2022 no Ceará deverão valer, necessariamente, também para as eleições de vereador em 2024. Nesse sentido, as federações também preveem uma série de punições para partidos que deixem o acordo antes do prazo de quatro anos, como a proibição de uso dos recursos do Fundo Partidário por todo o período restante.

Também não poderão ser feitas, portanto, federações entre siglas de lados completamente distintas do espectro ideológico, como PT e DEM, como frequentemente eram feitas em coligações, inclusive para a eleição de Camilo Santana (PT) em 2018.

No Ceará, vários dos deputados eleitos por partidos menores nas últimas eleições gerais enxergam nas federações uma chance de melhor desempenho na disputa do ano que vem. Célio Studart (PV), por exemplo, tirou 208.854 votos em 2018, apenas 12 votos a mais que os 208.842 necessários para cada sigla eleger sozinho no Estado.

Sem ter que precisar repetir o feito de tirar sozinho o quociente eleitoral para se eleger, o deputado avalia desde migrar para outros partidos, como o PSB, como integrar uma das siglas que se formará em federação para a disputa de 2022. Modelos semelhantes já são aplicados na Argentina e diversos outros países.

Líder maior do PSB no Estado, o deputado federal Denis Bezerra também vê com bons olhos a formação de federações para a disputa. "Ainda não temos uma definição, mas posso adiantar que o partido vem conversando com o PV, PT, PCdoB e outros partidos. Esse debate ainda está se ajustando e na minha opinião é um processo que vai demandar mais discussão entre as direções nacionais, porque além das eleições estaduais, temos que tratar a respeito do pleito de 2024. Portanto, vai demandar tempo", diz.

Ele destaca, no entanto, que as federações não são só "fusões" temporárias de partido. "Não é tão simples, mas a construção de uma federação com conteúdo programático próprio e que respeite a opinião de todos, durante o período de quatro anos, democraticamente com muito respeito, espírito coletivo e republicano", afirma.

Um dos principais partidos interessados na formação de federações é o PCdoB, que tem sofrido derrotas diante da dificuldade em atrair "puxadores de votos" para as disputas eleitorais em todo o País. Na eleição municipal do ano passado, o partido inclusive ficou pela primeira vez desde a redemocratização sem nenhuma das 43 cadeiras da Câmara Municipal de Fortaleza.

Em 2020, o partido chegou a ter um candidato bem votado, o ex-vereador Evaldo Lima, que tirou 5.501 votos. O ex-parlamentar, no entanto, esbarrou no quociente partidário do partido, que não conseguiu lançar outros candidatos de grande expressividade.

Entre o fim da década de 1990 e o início dos anos 2000, o partido era uma das principais alternativas de poder ao grupo do então prefeito Juraci Magalhães (então do PMDB), pela candidatura do ex-senador Inácio Arruda. Agora, o partido tenta voltar a disputar cadeiras com chance de vitória no Estado. (Carlos Mazza)

O que você achou desse conteúdo?