O ano de 2021 foi a continuidade de muitas coisas de 2020 e a antecipação de algumas que são esperadas para 2022. Teve características de ano de transição. Foi determinado ainda pela pandemia de Covid-19, que retornou ainda com mais força tanto no Ceará quanto no Brasil. A volta dos lockdowns deu a tônica da política e da economia no primeiro semestre, pautou as discussões, enquanto o avanço gradual da vacinação ajudou a conter a doença — não que o ano termine sem o debate ser reaberto por questionamentos, a partir da Presidência da República, às instituições do Estado brasileiro que aprovam a vacinação de crianças.
No Ceará, não só a pandemia seguiu ecoando, mas também o motim de policiais militares de 2020. A Assembleia Legislativa abriu Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar se associações de policiais financiaram o movimento ilegal. Os trabalhos entrarão em 2022.
Aliás, uma tônica política de 2021 foi preparar as bases para o ano eleitoral de 2022. Isso sempre acontece em alguma medida, mas a antecipação do clima eleitoral do ano que vem não parece ter precedentes.
Um movimento determinante foi a anulação das condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que permitiu a ele voltar a ser candidato. Houve também a filiação de Sergio Moro ao Podemos, com disposição de se colocar como pré-candidato a presidente.
Jair Bolsonaro (PL), por sua vez, teve um ano turbulento, marcado por uma crise econômica que afetou o bolso da população e a popularidade do presidente. Nas pesquisas, ele vai mal. Porém, na política, foi um bom ano para o presidente. No comando da Câmara dos Deputados, saiu Rodrigo Maia, inimigo de Bolsonaro, e entrou Arthur Lira (PP-AL). No Supremo Tribunal Federal (STF), emplacou mais um indicado, o "terrivelmente evangélico" André Mendonça. Filiou-se ao PL, entregou o núcleo do governo ao centrão e, por enquanto, tem tido inédita estabilidade no Congresso Nacional. Assim prepara as bases para ternar a reeleição, alicerçado no novo Auxílio Brasil.
Qual espaço terá Ciro Gomes (PDT) nesse cenário? Ou João Doria, escolhido candidato do PSDB a presidente em prévias turbulentas, após conseguir visibilidade com a vacina do Butantan em parceria com a chinesa Sinovac.
No Ceará, José Sarto (PDT) iniciou a gestão na Prefeitura com um cenário mais adverso de pandemia do que se projetava, enquanto Camilo Santana (PT) se prepara para deixar o governo e ser candidato ao Senado. Izolda Cela (PDT) deverá ser a governadora a partir de abril de 2022. Enquanto isso, pedetistas se articulam para a definição de quem será o candidato — e a vice-governadora é uma das alternativas.
Na oposição, Capitão Wagner (Pros) já se lançou e articula uma aliança.
1 - Segundo lockdown e vacinação
Esperava-se que fosse o ano da retomada, mas 2021 começou com uma nova onda da Covid-19 ainda mais agressiva, que deu o tom da sociedade e da política — com embate entre autoridades de saúde e negacionistas sobre como enfrentar a pandemia. Houve ainda o início da vacinação, que ajudou no controle da Covid-19.
2 - CPI do Motim
Após reportagem do O POVO, em agosto a Assembleia abriu investigação sobre suspeita de que associações de profissionais de segurança financiaram o motim de 2020. Trabalhos entrarão por 2022.
3 - Operação da Polícia Federal contra Cid e Ciro Gomes
Os irmãos foram alvo, em dezembro, de operração por suspeita de fraude em obras do Castelão para a Copa de 2014. Reagiram acusando o governo Bolsonaro de aparelhar a Polícia Federal.
4 - Saída de Cabeto da Secretaria da Saúde do Ceará
Carlos Roberto Martins Rodrigues Sobrinho, o Cabeto, comandou a resposta cearense à pandemia. Em agosto, pediu para deixar o cargo.
5 - Tasso diz que não será candidato
O senador, três vezes governador do Ceará, anunciou que não deverá mais ser candidato em 2022, encerrando uma das mais marcantes trajetórias políticas na história do Estado.
6 - Visitas de Lula e Bolsonaro ao Ceará
O presidente Bolsonaro visitou o Ceará em fevereiro, quando provocou aglomerações e comprou briga com o governador Camilo Santana (PT). Em agosto, nova visita. Naquele mês, Bolsonaro e Lula estiveram no Estado no intervalo de uma semana.
7 - Passaporte da vacina
Com o avanço da reabertura, no fim do ano, o passaporte vacinal passou a ser exigido em estabelecimentos no Estado, o que abriu novo debate público sobre as estratégias de combate à Covid-19.
8 - Aprovação da reforma da previdência de Fortaleza
Em março, sob protesto dos servidores, a Câmara Municipal aprovou a adequação de Fortaleza às regras d reforma da Previdência do Governo Federal.
9 - Polêmica das faixas de pedestre LGBT
Sobral pintou faixas e pedestre com as cores do arco-íris, em alusão à diversidade de orientação sexual. Os conservadores reagiram revoltados.
10 - Semana pela Vida
Em setembro, o prefeito de Fortaleza, José Sarto (PDT), sancionou lei que instituía a "Semana pela Vida", que incluía divulgação contra o aborto e sobre "malefícios médicos e psicológicos da utilização de anticoncepcionais".
1 - Camilo Santana
Político mais popular do Estado conforme as pesquisas, ganhou ainda mais força na pandemia e nos enfrentamentos com o presidente Jair Bolsonaro.
2 - Dr. Cabeto
Como secretário da Saúde até agosto, coordenou as ações contra a Covid-19.
3 - Sarto
Tomou posse como prefeito de Fortaleza num cenário adverso, com recrudescimento da pandemia. Teve um difícil primeiro ano.
4 - Luis Eduardo Girão
Senador do Podemos teve visibilidade nacional na CPI da Covid.
5 - Mayra Pinheiro
Médica e secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, foi alvo da CPI da Covid e se notabilizou como pessoa que dentro do governo propagava o chamado tratamento precoce.
6 - Capitão Wagner
Depois de ter tido expressiva votação para prefeito de Fortaleza em 2020, lançou-se em 2021 como pré-candidato a governador e recebeu apoio de Bolsonaro.
7 - Evandro Leitão
Presidente da Assembleia, controlou a agenda legislativa num ano complexo e em meio a polarização crescente.
8 - Tasso Jereissati
O senador foi membro da CPI da Covid-19, ensaiou disputar as prévias do PSDB para presidente, mas se retirou e anunciou que não será mais candidato.
9 - Izolda Cela
Vice-governadora, recebeu sinais de que deverá assumir o governo do Estado a partir de abril de 2022, quando Camilo provavelmente renunciará para concorrer ao Senado.
10 - Nailde Pinheiro
Tomou posse como terceira mulher na história a presidir o Tribunal de Justiça. Em setembro, a sede pegou fogo e coube a ela comandar a rearticulação e a recuperação.
1 - Nova onda da pandemia
Assunto do ano em 2020 voltou em 2021, em uma nova onda que matou ainda mais. Chegada da vacina trouxe alívio.
2 - Anulação das condenações de Lula
O Supremo Tribunal Federal (STF) considerou o ex-juiz Sergio Moro parcial e assim anulou as condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que, desse modo, novamente pode ser candidato.
3 - Filiação de Sergio Moro
Moro, a propósito, se lançou como pré-candidato a presidente e poderá ter Lula como adversário nas urnas.
4 - Manifestações de 7 de setembro
Presidente Jair Bolsonaro colocou todo seu peso político na organização de grandes protestos pelo Brasil em 7 de setembro, como forma de pressionar o STF. Dois dias depois, escreveu carta como recuo.
5 - CPI da Covid
As investigações no Senado lançaram novos olhares e colocaram em evidência novas personagens envolvidas na crise sanitária.
6 - Eleição de Arthur Lira na Câmara
Arthur Lira (PP-AL) mudou a correlação de forças no Poder Legislativo, deu paz a Bolsonaro na Câmara e abriu caminho para a ascensão do centrão.
7 - Orçamento secreto
Criada no Orçamento de 2020, a "emenda de relator" foi alvo do Supremo Tribunal Federal (STF) e Tribunal de Contas da União (TCU), pela falta de transparência na distribuição dos recursos.
8 - Polêmica da urna eletrônica
O presidente Jair Bolsonaro dizia ter provas de fraudes eleitorais e articulou a aprovação da impressão do voto nas próximas eleições, o que o Congresso rejeitou.
9 - Bolsonaro no PL
O presidente foi para um novo partido de olho na reeleição em 2022: o Partido Liberal.
10 - Reforma ministerial/Centrão em ministérios-chave
O centrão se tornou o coração do governo Bolsonaro, sobretudo com Ciro Nogueira como ministro-chefe da Casa Civil.
1 - Jair Bolsonaro
Presidente
2 - Lula
Líder nas pesquisas e liberado para ser candidato
3 - Sergio Moro
Lançado pré-candidato
4 - Alexandre de Moraes
Ministro que conduz inquérito das fake news no Supremo Tribunal Federal (STF)
5 - Luis Roberto Barroso
Disputa com Moraes o posto de ministro que Bolsonaro mais odeia
6 - Edson Fachin
Ministro do STF que anulou condenações de Lula
7 - André Mendonça
Indicado de Bolsonaro ao STF
8 - Ciro Gomes
Pré-candidato que luta para manter o espaço na disputa presidencial e virou alvo da PF
9 - Michelle Bolsonaro
Protagonismo cresceu, do pronunciamento ao lado do marido ao trabalho para emplacar André Mendonça no STF. Foi também envolvida em suspeitas relacionadas a favorecimento no governo e receber pagamentos indevidos
10 - Ciro Nogueira
Ministro-chefe da Casa Civil
11 - Arthur Lira
Presidente da Câmara
12 - Eduardo Pazuello
Ministro da Saúde nos momentos mais críticos da pandemia
13 - Omar Aziz
Presidente da CPI da Covid
14 - Renan Calheiros
Relator da CPI da Covid
15 - Simone Tebet
Destacou-se na CPI da Covid e é pré-candidata a presidente pelo MDB
16 - João Doria
Capitalizou o início da vacinação e foi escolhido candidato do PSDB
17 - Nise Yamaguchi
Médica oncologista e imunologista que daria o subsídio técnico para o governo abraçar o "tratamento precoce". Foi alvo na CPI da Covid
18 - Paulo Guedes
Ministro da Economia, em ano de inflação alta e recessão técnica
19 - Damares Alves
Ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, popular entre os conservadores e até cogitada como vice de Bolsonaro em 2022
20 - Tábata Amaral
Saiu do PDT após longo impasse. Causou polêmica ao votar pela privatização dos Correios