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Privatização de refinarias começa com desabastecimento previsto até março
Reportagem

Privatização de refinarias começa com desabastecimento previsto até março

| Risco no fornecimento | A nova administração da refinaria de Mataripe, como agora se chama a Refinaria na Bahia, deixou sem combustível os navios da região e não há previsão de retomada. Lubnor, no Ceará, ainda está neste processo de venda
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Vista aérea da refinaria Lubnor, em Fortaleza, que foi posta à venda pela Petrobras como parte do programa de desinvestimentos da estatal (Foto: Divulgação/Agência Petrobras)
Foto: Divulgação/Agência Petrobras Vista aérea da refinaria Lubnor, em Fortaleza, que foi posta à venda pela Petrobras como parte do programa de desinvestimentos da estatal

Por Sabrina Lorenzi*

A privatização da primeira refinaria de uma série da Petrobras começou dando munição pesada aos opositores do programa de desestatização do governo Bolsonaro. E no processo de venda consta a Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (Lubnor), localizada no Porto de Fortaleza, Ceará.

Mal iniciou a operação, a nova administração da refinaria de Mataripe (como agora se chama a Refinaria Landulpho Alves (RLAM), na Bahia), deixou sem combustível os navios da região e não há previsão de retomada de abastecimento.

Documentos acessados pela Agência Nossa indicam até o momento do fechamento desta reportagem que até março a situação não deverá ser normalizada, se nada for feito para mudar o quadro. O prazo consta de informações recebidas na semana passada pela agência reguladora responsável pelo abastecimento de combustíveis no País.

A ANP aguarda posicionamentos da Acelen, nova controladora da refinaria, e da Petrobras para ter uma posição definida sobre este prazo.

A Acelen, controlada pelo fundo Mubadala, dos Emirados Árabes, assumiu no dia primeiro de dezembro as operações da antiga RLAM e do terminal Madre de Deus, vendidos pela Petrobras. O combustível para navios deixou de ser fornecido no mesmo dia. Na véspera, a Petrobras teria anunciado formalmente a interrupção, o que pegou de surpresa as operadoras do setor marítimo.

Descaso e pedido de intervenção

Além da interrupção do abastecimento de bunker, que afetou abruptamente suas atividades, o setor teria ficado sem resposta nem satisfação alguma por parte da Acelen. A entidade que representa as companhias de navegação informou à Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) que não conseguiu fazer contato com a nova controladora da refinaria por mais de uma semana após o começo do problema.

Sem comunicação com a refinaria, o Sindicato das Agências de Navegação no Estado da Bahia (Sindinave) procurou a agência para pedir intervenção, segundo documento datado de 8 de dezembro.

“Essa situação tem gerado e gerará problemas para os navios que demandam os portos da Baía de Todos os Santos pois a falta de fornecimento de bunker provocará cancelamentos, dificuldades de agendamento de navios navios não regulares para transportes de cargas e principalmente para exportação, não deixando de mencionar os navios na cabotagem, forçando os navios a procurar portos alternativas, o que redundará em aumento de frete além de transtornos para muitos navios já têm programada sua escala na baía de todos os santos e que de forma abrupta veem se interromper um serviço de fundamental importância e sem perspectivas de como e quando se normalizará”. 

*Especial para O POVO 

Fonte: Agência Nossa

Conheça a Refinaria Lubrificantes e Derivados do Nordeste (Lubnor)

Informações gerais

A Refinaria Lubrificantes e Derivados do Nordeste é uma das líderes na produção de asfalto no Brasil, sendo responsável por cerca de 10% da produção de asfalto no pais. Produz ainda lubrificantes naftênicos, um produto próprio para usos nobres, tais como, isolante térmico para transformadores de alta voltagem, amortecedores para veículos e equipamentos pneumáticos.

Endereço: Av. Leite Barbosa, s/nº - Mucuripe - Fortaleza - Ceará

Terminais aos quais se liga

Duas estruturas portuárias são utilizadas pela refinaria: o Porto do Mucuripe, em Fortaleza, e o Terminal de Pecém, em São Gonçalo do Amarante.

História

Inaugurada em 1966, ela ocupa uma área total de 218 mil metros quadrados. Produz 235 mil toneladas/ano de asfaltos e 73 mil metros cúbicos por ano de lubrificantes naftênicos. Além de produtora, é também distribuidora de asfalto para nove estados das regiões Norte e Nordeste.

Todo o petróleo utilizado pela Lubnor é do tipo ultra pesado: 85% provenientes do Espírito Santo e o restante, 15%, do Ceará. Do total processado, 62% do volume é destinado à produção de asfalto, abastecendo todos os estados do Nordeste, e cerca de 16% são empregados na obtenção de lubrificantes naftênicos.

Características técnicas

- Área Total: 0,4 km²
- Unidade de Lubrificantes - ULUB
- Unidade de Processamento de Gás Natural - UPGN
- Unidade de Vácuo - UVAC

Capacidade instalada

A capacidade instalada é de 8 mil barris por dia

Principais produtos

Asfaltos
Óleos Lubrificantes
Mercados que atende
É a principal fornecedora da região Nordeste e também fornece para os estados do Amazonas, Amapá, Pará e Tocantins.

Fonte: Petrobras

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