Com inflação acima dos 10%, o setor de transporte foi o mais afetado. De acordo com levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nos 12 meses terminados em novembro, a alta foi de 20,33%. No caso dos combustíveis o aumento foi de 50,43%.
"Combustível e energia são responsáveis por quase 50% da inflação em 2021. O problema é que, quando a inflação segue por esse caminho, a alta dos preços se espalha com mais facilidade entre os outros setores, como indústria e serviços. Com isso, os preços acabam precisando ser reajustados", analisa André Braz, economista e coordenador de índices de preços da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
A crise hídrica, que afetou a agricultura no Brasil, sobretudo a produção de cana-de-açúcar e café também deu sua contribuição. "Com a crise hídrica, o preço do etanol acabou subindo e, por sua vez, ajudou a elevar ainda mais o preço da gasolina, porque o etanol faz parte da composição do combustível com 27%".
Para este ano, a tendência é de desaceleração da inflação. Segundo previsão do Banco Central (BC), a taxa deve encerrar em 4,7%, mas ainda acima da meta (3,50%). Mas, alcançar o objetivo não será tarefa fácil, uma vez que a economia está fragilizada e há ainda o componente eleitoral influenciando os rumos da economia.
"Tudo vai depender das propostas dos candidatos (à Presidência), e dos nomes que irão formar o novo governo. Quando o mercado tomar ciência desses fatos, as coisas na economia podem piorar ou melhorar. Se forem apresentadas propostas que sejam tidas como factíveis, as coisas podem se acalmar. Por outro lado, se as propostas forem populistas, teremos um aprofundamento da crise".
Além das eleições previstas para outubro, o transporte público urbano também pode contribuir para um eventual descontrole da inflação.
"Certamente deveremos ter aumento na tarifa, mas é algo que precisamos ver como as prefeituras vão fazer, até porque muitas também estão com as contas no vermelho".