Dados do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre) revelam que a inflação para famílias entre 1 e 1,5 salário mínimo foi de 7%, em 2020. Ao mesmo tempo, para as famílias com renda acima de 11,5 salários foi de 4,3%, praticamente a metade. Para o coordenador do IPC, o economista do FGV/Ibre André Braz, os mais ricos praticamente não sentiram a inflação de 2020.
"Como os mais pobres têm uma cesta de produtos que envolve maiormente os alimentos, que tiveram alta de 16%, enquanto a média geral (dos demais grupos de produtos) foi de 4%", enfatiza.
Segundo André, isso demonstra um processo antidemocrático, já que a renda dos mais pobres foi amplamente impactada com os aumentos. Já em 2021, o quadro ficou mais equilibrado, mesmo que a inflação para os mais ricos ainda tenha sido menor.
"Os mais ricos gastam mais com serviços, gasolina e não puderam nem gastar seu dinheiro com esse grande diferencial, pois os serviços estavam fechados. Por isso, os ricos ficaram mais ricos e os pobres mais pobres. Toda despesa do rico subiu bastante, por isso considero que a inflação de 2021 foi mais democrática", afirma.