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Exército russo avança para Kiev para "decapitar governo"
Reportagem

Exército russo avança para Kiev para "decapitar governo"

| OFENSIVA | Duas fortes explosões foram ouvidas no centro de Kiev no segundo dia da invasão russa da Ucrânia
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Militares ucranianos em movimentação a noroeste de Kiev (Foto: Daniel LEAL / AFP)
Foto: Daniel LEAL / AFP Militares ucranianos em movimentação a noroeste de Kiev

Com "superioridade aérea absoluta", o exército russo se aproximava de Kiev, a capital ucraniana com a intenção de "decapitar o governo" e substituí-lo por um pró-Rússia, segundo fontes militares ocidentais.

Duas fortes explosões foram ouvidas nesta sexta-feira, 25, no centro de Kiev, no segundo dia da invasão russa da Ucrânia, confirmou um jornalista da AFP.

"Os ataques contra Kiev com mísseis de cruzeiro ou balísticos recomeçaram. Ouvi duas explosões fortes", disse o vice-ministro do Interior ucraniano, Anton Herashchenko, em sua conta no Telegram.

Depois de disparar mais de 160 mísseis contra alvos militares ucranianos, as forças russas avançaram rapidamente ao sul a partir de Belarus e "se aproximaram de Kiev" ao longo do dia, indicou um alto funcionário do Pentágono.

"Basicamente, têm a intenção de decapitar o governo e instalar sua própria forma de governo, o que explicaria este avanço inicial para Kiev", avaliou a fonte.

De acordo com o funcionário de inteligência ocidental, "as defesas aéreas da Ucrânia foram eliminadas e eles não têm mais força aérea para se proteger".

"Nas próximas horas, os russos tentarão concentrar uma força avassaladora em torno da capital e a defesa agora recai sobre as forças terrestres e a resistência popular", explicou.

As tropas russas estarão ao redor de Kiev "em questão de dias, ou amanhã (sexta) de manhã, no ritmo em que estão avançando", enfatizou. "Não resta muito tempo. Acho que muito vai depender da resistência dos ucranianos."

Até o momento, a Rússia avançou no território ucraniano em três eixos: ao sul, a partir da Crimeia, até a cidade de Kherson, através do rio Dnieper, ao norte a partir de Belarus até Kiev, ao longo de duas estradas a nordeste e noroeste da capital ucraniana, e ao leste da cidade russa de Belgorod até a grande cidade industrial de Kharkov, segundo estimativas do Pentágono.

O funcionário dos EUA relatou inicialmente 75 missões de bombardeiros e 100 lançamentos de mísseis de vários tipos, incluindo mísseis mar-terra disparados do Mar Negro, mas depois disse que o número de mísseis disparados desde o início da ofensiva russa havia subido para "mais de 160".

"Também lançaram mais paraquedistas sobre Kharkov e estimamos que ainda haja combates intensos" nesta área no leste da Ucrânia.

Os ataques se concentraram em alvos militares, inclusive bases aéreas e o comando do exército ucraniano, mas segundo o Pentágono, o objetivo é tomar o controle de cidades-chave, sobretudo da capital, Kiev.

As forças russas atacaram o aeroporto militar de Antonov em Gostomel, nos arredores da capital ucraniana, onde os combates pareciam continuar nas últimas horas do dia.

Este aeroporto pode se tornar um ponto de encontro para o exército russo se quiser cercar a capital.

"Se Moscou conseguir controlar e manter a superioridade aérea (o que é muito possível), podem usar o aeroporto como ponto de entrada para atacar Kiev", tuitou Michael Horowitz, especialista em segurança do Consultant Le Beck International.

O alto funcionário do Pentágono enfatizou que esta ofensiva não tem precedentes em mais de 70 anos.

"Não vimos um movimento convencional como este, de um Estado-nação para outro, desde a Segunda Guerra Mundial, certamente nada deste tamanho, alcance e escala", disse ele.

Não há estimativas de danos ou baixas no exército ucraniano. "Há indícios de que estão resistindo e contra-atacando", afirmou o funcionário.

As comunicações do país parecem funcionar, destacou. Ele acredita que em uma segunda fase ocorrerá um ciberataque para paralisá-las.

O Pentágono não confirmou a destruição de aviões militares russos ou a tomada da usina nuclear de Chernobyl pelos militares russos, anunciada pelo governo ucraniano.

Mas o Pentágono enviará 7 mil soldados adicionais à Alemanha para "tranquilizar os aliados da Otan, impedir um ataque russo e estar preparado para atender às necessidades da região".

Contando com os reforços anunciados nesta quinta-feira, os Estados Unidos terão mais de 90 mil soldados na Europa.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, anunciou a morte de pelo menos 137 cidadãos ucranianos no primeiro dia da invasão russa ao país.

"137 heróis, nossos cidadãos" perderam a vida, disse o presidente em um vídeo publicado no site do governo, acrescentando que outros 316 ucranianos ficaram feridos nos combates.

Quase 100 mil pessoas fugiram de suas casas e milhares buscaram refúgio no exterior, indicou a ONU.

 

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