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Reverter cenário leva tempo
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Mudança na economia. Pautas
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ESTADO tenta repor perda arrecadatória de 2022 com alta de imposto e há risco de reduzir competitividade  (Foto: FABIO LIMA)
Foto: FABIO LIMA ESTADO tenta repor perda arrecadatória de 2022 com alta de imposto e há risco de reduzir competitividade

Fazer com que o Ceará passe a superavitário na balança comercial interestadual, no entanto, não deve ser tão fácil e muito menos de solução de curto ou médio prazo, no entendimento dos analistas.

Apesar do estímulo para mudar a base da economia para fortalecer indústria e agricultura, uma ruptura cultural precisa acontecer em várias instâncias e setores para que os esforços de agora logrem êxito.

"Para ter mudanças fortes precisa crescer muito acima da média, e a gente não tem conseguido isso. Dificilmente essa realidade vai alterar num curto prazo. Temos avanços, avanços inegáveis, mas continuaremos um estado dependente de produtos manufaturados e produtos agrícolas. Não creio que essa mudança de comportamento de pauta vai mudar nos próximos 10, 15 ou 20 anos", lamenta Alexsandre Lira Cavalcante, analista de Políticas Públicas do Ipece.

Um diagnóstico apontado tanto por ele quanto por Davi Azim, do Corecon-CE, é a concentração do Produto Interno Bruto (PIB) cearense na Região Metropolitana de Fortaleza, da ordem de 80%, atualmente.

Os dois apontam a necessidade de desenvolver as macrorregiões do Estado como forma de fortalecer a economia como um todo, gerando riquezas e oportunidades de negócios horizontalmente.

"Nós somos um estado muito atrasado em termos de desenvolvimento, apesar dos avanços. Não tem grande mudança da pauta do PIB na RMF. Se pegar os dados de 2002 até 2019, a desconcentração da RMF foi pífia. O sonho do Ceará é desconcentrar. Vejo gente comemorando Fortaleza com maior PIB do Nordeste, mas isso é apenas um número. E existe porque a economia é muito concentrada", explica Cavalcante.

"As estratégias para reverter passam por incentivar mais a dinâmica da economia no Interior. Industrializar mais a economia, temos condições de melhorar nosso parque industrial. E também aprimorar a questão da tecnologia no Estado", reforça Azim.

Industrialização ou profissionalização da agricultura trará, na análise dos dois especialistas, a formação de cadeias produtivas para atender as necessidades das fábricas e fazendas, gerando emprego e renda e, especialmente no caso da balança comercial interestadual, itens de valor para ser negociado com as demais unidades da federação.

Um exemplo dado por Cavalcante foi de São Gonçalo do Amarante, que se beneficiou da formação do polo industrial no Pecém, com Porto e demais indústrias. No entanto, o município faz parte da Região Metropolitana de Fortaleza, o que contribuiu para a concentração do PIB em uma só área do Estado.

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