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Produção inicial da EDP mira demandas existentes e projeta ampliação em 2024
Reportagem

Produção inicial da EDP mira demandas existentes e projeta ampliação em 2024

Negócios e expansão.
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H2V foi gerado em usina a carvão no Pecém (Foto: CSP / Divulgação)
Foto: CSP / Divulgação H2V foi gerado em usina a carvão no Pecém

Os 22 quilos por hora de capacidade de produção de hidrogênio dos quais a Pecém H2V vai contar devem atender, segundo projeções da EDP Brasil a que O POVO teve acesso, a demandas existentes de empresas do Complexo Industrial e Portuário do Pecém e exportação, inicialmente. No entanto, uma ampliação da produção é considerada para maio de 2024.

A empresa considera que "o H2 (hidrogênio) será a nova commodity energética mundial, substituindo a posição do petróleo" e diz "desenvolver um roadmap com análise de Cenários 1, 10, 100 e 1000 MW na produção de gás H2". O objetivo da estratégia de negócios da companhia é "produzir a primeira molécula de H2 verde do hub do Pecém até dezembro de 2022".

Jurandir Picanço, consultor em energia e um dos responsáveis pelo projeto do hub de hidrogênio verde do Ceará, explica que a capacidade elétrica não tem relação direta com a produção de H2V. Ele observa ainda que a planta de eletrólise deve ser alimentada por uma usina fotovoltaica de 3 megawatts (MW), com capacidade de geração ao longo do dia, limitando geração por 24 horas.

No entanto, em maio de 2024, a empresa desenha a possibilidade de "alternativas de expansão do projeto piloto". O mês marca atividades importantes dentro do cronograma revelado pela EDP, como "aprimoramento do processo de geração de energia verde - construção de planta solar" e a "ampliação dos tipos de uso do H2 - novos usos".

As demandas ainda são mapeadas no estudo de oportunidades em elaboração pela empresa, mas as frentes tecnológicas já sinalizam um fornecimento de H2V para, ao menos, três possibilidades: co-queima do carvão mineral na UTE Pecém - de propriedade da própria EDP -, o uso industrial em indústrias cimenteiras e siderúrgicas combinado com combustíveis convencionais e a exportação para outras partes do mundo.

Dentro do que a EDP Brasil nomeou de "rotas tecnológicas para a proposta do projeto", essas possibilidades já são idealizadas sobre mercados consistentes. A usina termelétrica da empresa, por exemplo, tem a operação garantida até 2027. Depois disso, sem novos leilões federais de energia nos quais a geração a carvão seja apoiada, a usina perde a utilidade. O interesse de diminuir a participação no capital do empreendimento já foi externado, mas os executivos sabem que desmobilizar ou converter aqueles equipamentos para outra fonte será um custo muito elevado e que torna o negócio pouco atrativo.

O atendimento a cimenteiras e siderúrgicas já sugere a oferta de hidrogênio verde para as indústrias deste tipo instaladas no Complexo do Pecém. A Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), por exemplo, também conta com uma térmica a carvão no seu parque industrial e, dado o posicionamento do Governo Federal de não renovar licenças para este tipo de geração, logo precisará rever a operação.

Já a exportação de H2V é a mais segura das apostas para os produtores na análise de especialistas. As metas de carbono zero estabelecidas pela Europa aliadas à crise do fornecimento de gás natural naquele continente após a invasão da Ucrânia pela Rússia reforçaram a necessidade de uma mudança na matriz energética e, principalmente, no fornecedor do insumo. Ou seja, os europeus têm urgência em substituir o gás natural pelo H2V, assim como Rússia deve dar lugar a outro fornecedor, como o Brasil.

"Esse mercado vai se desenvolver numa velocidade muito grande e se a gente conseguir oferecer condições adequadas vamos ter uma grande oportunidade", arremata Jurandir Picanço.

 

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