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Turismo pós-vacinação: novas exigências, voos diretos e preços maiores
Reportagem

Turismo pós-vacinação: novas exigências, voos diretos e preços maiores

Com muitos brasileiros completando o ciclo vacinal, desejo por viagens sem quaisquer restrições se tornou palpável. Atendimento de bordo e retorno de rotas são pontos positivos, mas é preciso atenção com exigências dos destinos e custos
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Mais de 927 mil passageiros devem embarcar em seus voos domésticos e internacionais durante o período (Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE Mais de 927 mil passageiros devem embarcar em seus voos domésticos e internacionais durante o período


 

A pesquisa por "turismo pós-vacinação" nos buscadores de internet remete a diversas listas de opções de destinos. Mas só agora, depois de tantos planos, a maioria dos brasileiros completou o ciclo vacinal e passa a aproveitar o prazer de viajar. Para quem está em fase de planejamento, é bom estar atento.

A mais relevante, por enquanto, é a exigência de visto para brasileiros que pretendem viajar ao México a partir do dia 18 de agosto. O destino foi um dos preferidos de quem viajou durante a pandemia, mas agora possui restrições.

De acordo com a CVC, os locais nacionais mais procurados pelos clientes são as praias do Nordeste, além do Rio de Janeiro e Gramado-RS. No internacional, a demanda prevalece para Buenos Aires, Orlando, Lisboa, Cancun, Paris, Roma, Miami, Punta Cana e Nova York.

 

 

Saiba as restrições para os principais destinos internacionais

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A empresa ainda ressalta que os dados operacionais prévios apontavam para o mês de maio com o melhor desempenho mensal desde janeiro de 2020. As reservas confirmadas entre abril e maio equivalem a 152% das registradas em todo segundo trimestre de 2021.

Já nas viagens internacionais, a CVC observa que as reservas feitas nos meses de abril e maio deste ano estão apenas 33% abaixo da demanda em 2019, uma recuperação sólida em comparação ao nível de demanda na pandemia.

 

Aviação nacional aumenta oferta de voos, mas sofre com inflação

No mercado nacional, o especialista em Transporte Aéreo, Adalberto Febeliano, destaca que 87% do volume de pessoas transportadas foi recuperado em junho na comparação com igual mês em 2019.

A quantidade de cidades atendidas também subiu em comparação ao período pré-pandemia. Antes eram 100 cidades com voos, hoje são 150.

 

 

Destinos nacionais mais procurados pelos brasileiros

 

Segundo dados da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), em julho, a média diária de voos locais alcançou 88,2% do patamar anterior à pandemia.

Para agosto, a expectativa é chegar a 89,4%. No internacional, a oferta de voos registrou 59,4% da quantidade de partidas de 2020. Para agosto, o patamar deve permanecer estável, em 59,6%.

Febeliano destaca que o apetite no mercado é de retomar os padrões pré-pandêmicos.

As companhias aéreas têm divulgado a retomada de vários voos diretos, diminuindo o tempo de deslocamento. A Latam, por exemplo, já reiniciou 20 dos 26 destinos internacionais que operava antes da pandemia. Em Fortaleza, por exemplo, voltou a frequência semanal Fortaleza-Miami.

Com isso, a rota diminuiu seu tempo de 16 horas para 7h40min, ao cortar a necessidade de conexão no Aeroporto de Guarulhos-SP.

Aline Mafra, diretora de Vendas e Marketing da Latam Brasil, enfatiza esse interesse da companhia em descentralizar a oferta de voos internacionais. Do primeiro para o segundo trimestre deste ano, a empresa registrou aumento de 60% nas vendas de passagens internacionais no Brasil.

“Estamos retomando estrategicamente a oferta a partir de outros aeroportos fora do eixo Rio-São Paulo e a reinauguração do Fortaleza-Miami mostra que estamos no caminho certo para ampliar nossa conectividade onde há demanda potencial para isso."

Já a Azul informa que nos últimos 12 meses houve crescimento de 21% na oferta de voos domésticos e de 3% nos voos internacionais.

A companhia passou também a reforçar a retomada dos voos para aeroportos regionais, como foi o caso do Ceará, com voos para São Benedito, Iguatu, Crateús e Sobral.

A Gol trouxe novamente os voos diretos entre Fortaleza e Buenos Aires, na Argentina. As outras capitais nordestinas que contavam com a frequência semanal retomam as rotas a partir de dezembro.

 

 

Destinos nacionais mais vendidos

 

Bruno Balan, gerente de Planejamento Estratégico de Malha Aérea da Gol, destaca que encurtar a distância entre o Nordeste e a Argentina é estratégico para a companhia, já que a vinda de argentinos para o Brasil também é relevante.

Enfatiza ainda que voos diretos incentivam o turismo no corredor Brasil-Argentina, gerando renda e empregos e contribuindo fortemente para a maior movimentação de estrangeiros no litoral brasileiro.

 

 

Demanda diminuiu com pressão sobre os salários dos clientes

Se na oferta os números já são iguais ou melhores, o desafio agora fica por conta da demanda. A inflação sobre os combustíveis pesa na conta das companhias, que repassam o custo aos consumidores.

"A expectativa é sempre positiva, pois temos uma parcela muito pequena da população que viaja de avião. O problema da inflação não é inerente ao transporte aéreo, mas acontece que o salário vai valer menos, e a passagem aérea vai ser cortada da cesta de consumo. As pessoas estão com menos dinheiro disponível", analisa Febeliano.

Os preços se tornaram o ponto central a ser analisado pelo consumidor.

Viajar ficou mais caro: A inflação acumulada das passagens aéreas nos 12 meses encerrados em junho foi de 122,4%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A média geral da inflação em igual período foi de 11,89%.

Na cesta de produtos de transportes, as passagens aéreas puxam a inflação para cima. Em julho, a carestia até foi mais branda, com alta de 8,02% em julho, ante a alta de 11,32% em junho.

 


Empresas aéreas se mobilizam para garantir franquia de bagagens

O aumento de custos para as empresas tem preocupado a Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata - International Air Transport Association). Em conjunto com as aéreas associadas, mobilizaram empresários para pressionar congressistas.

"Para garantir a competitividade do Brasil" no mercado global de aviação, querem que seja mantida como está a franquia de bagagens, com cobrança pelo despacho. Eles ainda enfatizam a insatisfação com os custos dos combustíveis.

A Iata aponta o valor do querosene de aviação como a grande ameaça à recuperação da indústria. "O Brasil produz cerca de 90% do QAV necessário para atender o mercado, mas o preço cobrado considera todos os custos que seriam cobrados no caso do produto importado”.

 

 

Exigência de visto para o México é retrocesso, diz presidente da Abav

A exigência de visto para entrada de turistas brasileiros no México é um retrocesso e deve diminuir a procura pelo destino.

Essa é a avaliação da presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagem (Abav Nacional), Magda Nassar, a respeito da obrigatoriedade que entra em vigor a partir do próximo dia 18 de agosto.

México passou a cobrar visto para entrada de brasileiros no país.(Foto: Marcello Camargo/Agência Brasil)
Foto: Marcello Camargo/Agência Brasil México passou a cobrar visto para entrada de brasileiros no país.

"Neste momento em que o mundo tenta retomar um pouco do que foi perdido nos últimos anos seria importante contar com o mínimo possível de obstáculos para as viagens. O México é um destino que ganhou muitos visitantes nos anos de investimento no Brasil, mas já vimos que após o anúncio da retomada da obrigatoriedade do visto, destinos no Caribe sem essa exigência voltaram imediatamente a ser procurados como alternativa”, afirma.

Em nota, o governo mexicano frisa que "essas ações buscam fortalecer a migração segura, ordenada e regular e erradicar as campanhas de desinformação que lucram com os migrantes.”

Mas, segundo Magda, cabe lembrar que o viajante brasileiro é motivo de competição para os países da América Latina. “Sabemos que muitos destinos competem pelo viajante brasileiro, que tem um dos maiores valores de ticket médio em comparação com outros visitantes mundiais.”

“Sabemos também que o brasileiro evita ao máximo burocracia de qualquer tipo”, complementa.

 

 

Valor nas alturas dificulta a vida dos passageiros

O aumento dos custos das passagens aéreas fez com que a demanda por bilhetes ficasse instável. Isso prejudica a retomada do setor, já que o fluxo de passageiros ainda é menor do que 2019, porém os custos deram um salto.

“A aviação é um setor que tem custos fixos muito altos, tem uma série de externalidades, ou seja, depende de preços do petróleo, depende da cotação do dólar, depende de uma série de itens para sua composição. E, obviamente, é muito demandante de mão de obra”, explica André Coelho.

Mas esse não é o único obstáculo. Conforme o gerente da FGV Projetos, outra consequência negativa é a queda no padrão de qualidade, de passageiros enfrentando dificuldades com bagagem e atraso ou cancelamento de voos.

 

 

Vendas totais das agências de viagem de 2019 a 2021

Para visitar o namorado João Victor, que estuda engenharia no Instituto Militar de Engenharia (IME), a estudante Milena Guimarães faz pesquisas de preços a fim de encontrar passagens mais em conta.(Foto: Acervo pessoal)
Foto: Acervo pessoal Para visitar o namorado João Victor, que estuda engenharia no Instituto Militar de Engenharia (IME), a estudante Milena Guimarães faz pesquisas de preços a fim de encontrar passagens mais em conta.

Em duas viagens que fez neste ano para o Rio de Janeiro, a estudante de publicidade Milena Guimarães, de 22 anos, conferiu de perto essa realidade.

“Na ida em fevereiro eu estava com a bagagem de mão e solicitaram para despachar porque o voo estava lotado. A mala chegou consideravelmente arranhada. Já na ida em abril, o voo atrasou quase uma hora”, conta.

Para visitar o namorado, que estuda engenharia no Instituto Militar de Engenharia (IME), Milena fez uma pesquisa de preços a fim de encontrar passagens mais em conta.

“Para datas em específico faço uma consulta geralmente em sites como Skyscanner ou Google Flights. Acompanho também o perfil no instagram do @passagensimperdiveis”, relata.

Apesar de procurar com antecedência, a jovem tem observado que os valores só aumentam. “Comprei de R$ 710 em fevereiro e R$ 840 em abril. Convenhamos que totalmente inacessível para a maior parte das pessoas”, narra.

O companheiro de Milena, João Victor, que faz o trajeto desde 2019, período pré-pandêmico, descreve que antes conseguia comprar por R$ 450 a ida e a volta para Fortaleza.

“Ultimamente os preços mais baixos para ida e volta são R$ 850, R$ 900. Como procuro com bastante antecedência e da maneira mais econômica, o meu último voo só de ida foi R$ 300, um achado”, diz. (Karyne Lane/Especial para O POVO)

 

 

Destinos internacionais mais comercializados para a alta temporada de verão

 

 

 

Potencial de crescimento da aviação

A Iata enxerga o Brasil como um dos mercados com maior potencial de crescimento pós-vacina.

Números da entidade revelam que o País já é o maior mercado de aviação da América Latina e, antes da pandemia, o setor de transporte aéreo sustentava 1,1 milhão de empregos no País e contribuía com cerca de US$ 27,5 bilhões para o PIB brasileiro.

Em 2019, com uma população de mais de 211 milhões de habitantes, pouco mais de 95 milhões de viagens de avião foram feitas no Brasil - o que representa 0,45 viagem para cada brasileiro.

Por outro lado, o mercado comparativamente menor do Chile registrou, em igual período, 1,23 viagem aérea por habitante, enquanto mercados como os EUA e Espanha chegaram a um índice de 2,60 e 4,45, respectivamente.

"Ou seja, para alcançar este crescimento em potencial, o governo brasileiro precisa considerar a aviação como um meio de transporte público", diz a Iata.

 

 

Mala extraviada: o que fazer

 

 

Temporada de cruzeiros marítimos

A Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa) destaca que a proximidade da temporada de cruzeiros no Brasil, no início do 4° trimestre, anima os empresários.

Segundo o ranking de demanda por segmentos, os produtos de luxo, praia e sol, cultural e bem-estar lideram. Mas na sequência já aparece a demanda por cruzeiros. A opção permanece forte mesmo após dois anos de pandemia, que prejudicaram fortemente a cadeia.

Temporada de cruzeiros 2022/2023 anima empresários do setor de turismo.(Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil)
Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil Temporada de cruzeiros 2022/2023 anima empresários do setor de turismo.

"Os cruzeiros são um excelente produto nas prateleiras das operadoras e agências, pois aliam custo, benefício, segurança e muito entretenimento em um mesmo produto (engloba transporte, hospedagem, entretenimento, alimentação e uma vista diferente a cada dia, tudo em um mesmo pacote)", afirma Roberto Haro Nedelciu, presidente da Braztoa.

 

 

Perspectiva de retomada integral de voos

Associação Brasileira de Empresas Aéreas (ABEAR) espera que retomada integral da malha aérea doméstica aconteça até o fim de 2022.(Foto: Pexels)
Foto: Pexels Associação Brasileira de Empresas Aéreas (ABEAR) espera que retomada integral da malha aérea doméstica aconteça até o fim de 2022.

A perspectiva da Associação Brasileira de Empresas Aéreas (Abear) é de retomada integral da malha aérea doméstica no segundo semestre deste ano.

Nesse sentido, as perspectivas para a região Nordeste, especialmente o Ceará, são também de plena retomada dos voos em igual período.

Ainda segundo a Abear, a retomada integral dos voos ao mercado internacional só deve acontecer até o fim de 2023.

 

 

Turismo gerando empregos

De acordo com dados do painel Monitora Turismo, desenvolvido com base nos dados de emprego formal pela pesquisadora Mariana Aldrigui, da Universidade de São Paulo (USP), a geração de empregos no setor de turismo teve aumento de 42,3% no 1° semestre de 2022.

São mais de 44,5 mil vagas abertas. No quadro geral de empregabilidade, a cadeia do turismo foi responsável por 6,1% dos postos de trabalho abertos no País.

 

 

Motor da economia brasileira, avanço do turismo depende da aviação

Uma das principais alavancas para a retomada no Brasil, a cadeia do turismo movimenta diversos setores, como o de hospedagem, restaurantes, transporte e agências de viagem, o que faz com que tenha impactos diretos e indiretos na circulação de recursos e seja uma importante engrenagem para ajudar a mover a economia.

A aviação, por sua vez, é um dos pilares para o pleno desenvolvimento das atividades turísticas: é por meio da capilaridade desse modal que se realiza boa parte do transporte de passageiros no País.

Juntos, esses dois segmentos enfrentaram uma das piores crises com a pandemia, e agora dependem um do outro para recuperar o crescimento com força total.

Para André Coelho, gerente de projetos da FGV Projetos, o processo de retomada do turismo passa pelo da aviação, e ambos são importantes, principalmente, para regiões turísticas. “Há hoje no Brasil regiões que são quase que dependentes do turismo para a sobrevivência”, afirma.

Movimentação de passageiros no Aeroporto Internacional Pinto Martins.(Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE Movimentação de passageiros no Aeroporto Internacional Pinto Martins.

Segundo Coelho, o turismo doméstico brasileiro já espera resultados positivos das férias do meio do ano, e a expectativa é de que “ele cresça significativamente nas férias de verão deste ano para o ano que vem”.

Isso significa que também é esperado um aumento na procura por passagens aéreas, de acordo com o gerente. “As conexões aéreas são muito importantes para que as pessoas possam circular e a retomada da aviação é importante para um país como o Brasil, continental, onde o turismo depende disso”, analisa.

Na avaliação dele, há um processo de adaptação ainda resultante da pandemia. “O setor aéreo foi afetado pelo fechamento de aeroportos, pela dispensa de mão de obra especializada, tanto a que trabalha nos aviões quanto nos aeroportos. Todos precisam se organizar melhor, até os passageiros, se adaptando às novas realidades como a digitalização, por exemplo”, pontua. (Karyne Lane/Especial para O POVO)

 

 

>> Entrei na História

Companhias aéreas não fazem ideia de como respeitar o consumidor

(*) Relato vivido por Alan Magno 

O Direito do Consumidor tem sua criação entre 1940 e 1960, tendo a primeira legislação oficial sido instaurada em 1962 nos Estados Unidos.

No Brasil, a legislação oficial desta área tão fundamental para manutenção da ordem e do bem-estar econômico no capitalismo se consolida em 1990 com o advento da lei 8.078, sendo reforçada por princípios já definidos na Constituição Federal de 1988.

Um extenso e complexo processo que destoa da facilidade com a qual o mesmo é violado diariamente.

É nesse contexto que, mesmo com direitos garantidos pela resolução nº 400 da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), de 2016, companhias aéreas se sentem confortáveis para tratar passageiros não mais do que com descaso diante dos cancelamentos de voos.

Também que uma ida à trabalho para São Paulo pode se transformar rapidamente em uma verdadeira odisseia.

O descaso na situação vivida por mim (e centenas de outras pessoas) começa não no cancelamento do meu voo (ou nos outros 15 cancelados), ou no frio do chão do aeroporto de Congonhas que me fez companhia durante a longa noite do dia 11 de agosto de 2022.

Tudo começa na demora de cerca de 3 horas de tempo até o efetivo cancelamento do voo.

"Foram 180 minutos sem nenhum tipo de informação, sendo transferido por inúmeros portões de embarque, chegando até mesmo a chegar ao pé da aeronave para ouvir do próprio piloto: "não haverá voo"." Alan Magno

Situação que se arrasta por mais uma hora até o efetivo cancelamento do voo e o repasse da primeira informação por parte da companhia Latam: "não há hotel em São Paulo". Surpreendente, não?

Quase quatro horas após o horário previsto para embarque é que a empresa, finalmente, comunicou aos seus passageiros que os mesmos deveriam dormir no aeroporto.

Houve ainda aqueles que tiveram sorte e conseguiram, por conta própria, uma reserva de hotel.

Outros, optaram por motéis à beira da avenida, e para esses, nenhum tipo de alimentação, apenas um voucher de táxi para ir e vir do aeroporto no dia seguinte em horários aleatórios.

Quem ficou no terminal teve direito a comida, mas apenas em uma loja específica do local, aumentando em até três horas o tempo até conseguir algum alimento.

Suporte? Nenhum. Amparo? Muito menos. Deboche? Esse foi oferecido como um cobertor quente a todos.

"Não bastasse a situação como um todo, ainda ouvimos de uma funcionária da empresa: "Cheguem ou acordem cedo, toda essa confusão terá impacto na operação de amanhã e vocês levaram horas a mais para despachar suas malas" (e de fato levamos, outras 3 horas na manhã seguinte, fora o atraso dos novos voos)." Alan Magno

E isso para quem ainda sabia onde estava a própria mala já que, em meio ao embarque, desembarque e cancelamento de voos, a companhia sequer sabia o paradeiro de dezenas de bagagens.

O mais grave, porém, não se refere ao ocorrido, mas sim à naturalidade com a qual a empresa o pratica e na banalidade que a garante paz para tamanho descaso com seus passageiros, independentemente se fossem crianças, idosos, mulheres, grávidas.

Ao menos nisso, a empresa respeitou a constituição: o descaso foi para todos, com a máxima isonomia de um estado democrático de direito.

(*) Jornalista e repórter de Economia do O POVO 

 

 

>> Ponto de vista

Paciência e escolhas

(*) Por Fernando Graziani

Jornalista Fernando Graziani(Foto: ETHI ARCANJO)
Foto: ETHI ARCANJO Jornalista Fernando Graziani

Explodiu a inflação do turismo e o valor das passagens é o item mais problemático para quem precisa fazer contas na hora de viajar.

Cancelei uma viagem para Madrid em dezembro de 2021 por causa dos milhões de casos de Covid-19. Os três bilhetes, ida e volta, foram comprados no total por R$ 6,2 mil em agosto de 2021.

Recebi o dinheiro de volta sem nenhum problema ou contestação, até porque era parte do contrato.

Hoje, exatamente um ano depois, pesquisando passagens na mesma companhia para viajar em dezembro de 2022, também para Madrid, os valores dos três bilhetes juntos não saem por menos de R$ 16 mil. Dependendo do dia, há valores na data citada que chegam a R$ 25 mil, algo completamente bizarro.

O exemplo acima não é um caso isolado. As passagens nacionais também mais do que dobraram de preço, mostrou pesquisa da Fecomércio de São Paulo (122% em um ano).

A única forma aceitável é aproveitar promoções aleatórias das companhias - e elas existem.

Recentemente - mês passado - estive no Recife e comprei passagens por R$ 200 cada trecho, valor bem interessante. Para São Paulo, encontrei bilhetes por R$ 350 o trecho.

Consultar sites que vendem passagens com milhas compradas de terceiros também é uma opção com potencial de resultado positivo, principalmente se você tiver flexibilidade para embarcar.

Fica evidente, portanto, a necessidade de se fazer uma pesquisa rigorosa, paciente e ficar atento. Se tiver preguiça, vai pagar bem mais caro, não há jeito.

Para compensar um pouco, as hospedagens não tiveram aumento tão avassalador, justamente porque há centenas de opções, diferente das companhias aéreas.

O segredo, entretanto, é conseguir fazer uma programação com antecedência e abrir a cabeça.

Hotel é a opção tradicional e pelo conforto certamente tem a preferência de muita gente, mas experimentar ficar em apartamentos ou casas de locação é uma opção mais em conta e que pode compensar bastante no custo benefício.

As ofertas de hospedagem no Airbnb cresceram e não por acaso a empresa registrou lucro recorde no último trimestre de 2021 (55 milhões de dólares). No fim, tudo é uma questão de escolha.

(*) Jornalista e editor chefe de Esportes do O POVO 

 

 

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