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Concorrência existe e o Brasil precisa definir estratégia
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Concorrência existe e o Brasil precisa definir estratégia

Mercado. Transição irreversível
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Empresa deve ocupar área de 106 hectares no Porto do Pecém (Foto: Divulgaçao)
Foto: Divulgaçao Empresa deve ocupar área de 106 hectares no Porto do Pecém

Ter um potencial imenso de geração de hidrogênio verde (H2V), no entanto, não garante ao Brasil o protagonismo se medidas que estimulem o desenvolvimento da cadeia produtiva não forem tomadas, destaca Camilo Adas, presidente da SAE Brasil. Ele lembra que o Nordeste brasileiro tem concorrência neste setor e alerta para a aceleração da regulação e do envolvimento entre poder público e iniciativa privada neste trabalho.

O Chile é citado por Adas como um dos países que miram o H2V como solução energética e projeto de desenvolvimento. No fim do ano passado, o ministro chileno Juan Carlos Jobet (Minas e Energia) afirmou que a meta é gerar o H2V mais barato do mundo, em um plano que envolve produção comercial até 2025, barateamento até 2030 e estar entre os maiores exportadores até 2045.

Mas Austrália, Arábia Saudita, China, Holanda e Alemanha também estão na briga por esse mercado. O último país dessa lista, inclusive, mantém suas agências de fomento - a AHK (Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha) e a GIZ (Agência Alemã de Cooperação Internacional) - em atividade no Brasil, acompanhando e financiando estudos e discussões sobre hidrogênio verde.

"Se não houver uma organização clara, estratégica e alinhamento dos órgãos técnicos do governo, da indústria, da academia a gente vai perder o ponto, sob o risco de o Brasil, apesar de todo potencial, virar mais uma vez um simples exportador da commodity hidrogênio", defende o presidente da SAE Brasil.

Adas ainda cita a amônia como exemplo de erro estratégico do País, quando exporta o elemento químico para produção de fertilizante e, em seguida, compra o produto beneficiado. Estar na esteira das discussões e aproveitar a oportunidade de liderar isso no mundo não pode ser esnobada pelo Brasil, segundo ele, quando a construção da economia baseada no hidrogênio é irreversível no mundo.

H2V está consolidado como insumo energético

O estudo elaborado pela SAE Brasil remonta historicamente a aplicação do hidrogênio verde como insumo energético e destaca as considerações do professor Ennio Peres da Silva, do laboratório de hidrogênio da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Ele "tem mencionado que essa terceira onda favorável do hidrogênio energético é a última, pois desta vez o hidrogênio será de fato considerado como vetor de energia para uma economia com menos intensidade de carbono (CO2)."

Na lista, o levantamento aponta o H2V como o elemento mais abundante do universo. Mas encontrado sempre associado a outro químico, como oxigênio (água), ao carbono (gás natural) ou ao nitrogênio (amônia).

Categorização a partir da emissão de CO2

Conhecido há décadas como insumo energético, o hidrogênio tem no modo da extração da molécula uma categorização que o classifica como renovável ou não. Ou seja, a energia aplicada na separação do H2 dos demais elementos químicos é que vai determinar o valor dele para a transição energética - vide a paleta de cores do H2.

Atualmente, o chamado espectro de cores do hidrogênio tem nove categorias, criadas a partir da forma como se extrai o H2. Para a SAE, "deve ser criado um sistema de etiquetagem que nos permita mensurar o balanço de CO2 e demais gases de efeito estufa por quilo de H2."

"Quando avaliamos a situação atual, somos bastante críticos e devemos ser na possibilidade de pensar na solução. Mas temos uma postura propositiva para gerar esse protagonismo. O Brasil precisa de solução integrada nacional para aproveitar oportunidades internacionais e nós, como entidade sem fins lucrativos, queremos oferecer informações para ajudar nessas soluções", arremata Adas.

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