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Educação ambiental e inclusão social no centro da meta de reciclagem
Reportagem

Educação ambiental e inclusão social no centro da meta de reciclagem

Nova política de manejo dos resíduos sólidos de Fortaleza prevê mudança no currículo escolar e iniciativas junto a catadores
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Recicladora do projeto Re-ciclo circula em triciclo elétrico durante serviço de coleta de resíduos  (Foto: Divulgação/Citinova )
Foto: Divulgação/Citinova Recicladora do projeto Re-ciclo circula em triciclo elétrico durante serviço de coleta de resíduos

Para alcançar a meta em que se ancora a nova política de manejo dos resíduos sólidos — 50% de taxa de reciclagem em um prazo de oito anos —, a Prefeitura de Fortaleza deseja que o debate sobre o descarte e o tratamento adequado do lixo esteja dentro das salas de aula desde o primeiro ano do ensino fundamental.

No projeto enviado à Câmara, a gestão propõe que a educação ambiental seja matéria obrigatória na grade curricular da rede municipal. O objetivo é despertar ainda na infância a consciência sobre o valor econômico e os benefícios sociais que podem ser gerados por meio do lixo.

A gerente de projetos do Laboratório de Inovação de Fortaleza (Labifor), Nirlania Diógenes, explica que a perspectiva educacional é o ponto de partida para a execução das ações previstas no Mais Fortaleza.

“Temos uma cartela de projetos inovadores para que a gente consiga fazer a gestão dos resíduos da melhor forma possível, e a Educação é o primeiro passo para o êxito desse processo. Queremos não só reduzir os pontos de lixo, mas principalmente aumentar a consciência da população sobre a destinação correta e promover a inclusão social dos catadores”, comenta.

A destinação correta dos resíduos vai além de uma simples mudança de hábito. Também gera impactos econômicos. Afinal, para quem faz do lixo um meio de sobrevivência, reciclar significa mais do que um compromisso com o meio ambiente, como ainda a oportunidade de garantir o sustento da família.

É esse o sentido do projeto Re-ciclo, que funciona em Fortaleza desde 2020 com coleta seletiva domiciliar realizada por recicladores inscritos em associações cadastradas na Prefeitura. Com triciclos elétricos, catadores vão de porta a porta para coletar resíduos, guiados por sistema de agendamento on-line, via aplicativo. O morador separa o material, solicita o serviço e recebe a visita do profissional.

Todo o material recolhido é encaminhado para as associações parceiras e depois vendido às indústrias de transformação. Atualmente, são 24 trabalhadores envolvidos na ação. Com o Mais Fortaleza, a Prefeitura quer ampliar esse número para 100 até o fim de 2024.

Na fase atual, os triciclos circulam apenas por cinco bairros (Praia de Iracema, Centro, Meireles, Mucuripe e Varjota), mas a ideia, segundo Nirlania, é expandir a coleta para outras áreas da cidade gradativamente.

“A gente quer levar essa iniciativa para mais bairros. O foco é aproximar essas estruturas da população para que as pessoas saibam a importância de descartar o lixo corretamente. Além de colaborar com a natureza, isso gera um potencial incrível de renda e inclusão social para muitas famílias”, assinala a gerente do Labifor.

Junto com a ampliação do Re-ciclo, o Mais Fortaleza prevê a criação do programa “Agente de sustentabilidade”. Trata-se de um auxílio financeiro de R$ 300 voltado aos catadores de resíduos sólidos com vínculo ativo em associações da classe. Detalhes do benefício serão objeto de um decreto, cuja publicação deve ocorrer somente após a aprovação do projeto de lei da Taxa do Lixo na Câmara.

O pacote de medidas lançado pela Prefeitura ainda inclui a instalação de 350 lixeiras com sensores que permitem aferir o volume de lixo descartado em locais específicos da cidade, em tempo real; implantação de pontos de coleta de lixo subterrâneos; disponibilização de compactadores para de coleta seletiva móvel em todas as Regionais e criação de um centro de descarte exclusivo para resíduos eletrônicos.

Além disso, está prevista a expansão do uso de biodigestores nas escolas da rede municipal. A iniciativa já funciona de maneira experimental em quatro unidades, mas a meta é levar a ação para, no mínimo, 200. O biodigestor transforma restos de resíduos orgânicos em biogás e fertilizante. O objetivo é que as duas substâncias sejam revertidas em benefício da própria comunidade escolar.

O biogás, por exemplo, pode ser utilizado como combustível nos fogões da cantina. Já o fertilizante ajuda na preservação das hortas cultivadas pelos estudantes.

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