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ChatGPT: A criatura pode superar o criador?
Reportagem

ChatGPT: A criatura pode superar o criador?

| TECNOLOGIA | Fenômeno mais instantâneo que o Instagram traz ao mercado evolução da inteligência artificial adaptativa e a discussão se a inteligência humana pode ficar obsoleta. Mas, segundo especialistas, falta de criticidade, checagem e inovação de ideias pesam contra o ChatGPT
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Capacitação para o futuro do Ceará (Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE Capacitação para o futuro do Ceará

A inteligência artificial (IA) não é mais um universo distante, pelo contrário. O estudo Global AI Adoption Index 2022, da IBM, mostra que 41% das empresas no Brasil já implementaram inteligência artificial ou automação digital em seus negócios. Já o Fórum Econômico Mundial prevê que 70% do novo valor criado nesta década será baseado em tecnologias habilitadas digitalmente.

Há um processo contínuo de adesão às novas ferramentas que possuem IA. Pensando apenas no processamento linguístico, há produtos tão populares e corriqueiros que às vezes as pessoas se esquecem que são advindos da IA, como os corretores ortográficos, revisores gramaticais e tradutores automáticos.

E a corrida neste processo fez com que o ChatGPT, da OpenAI, chegasse a 1 milhão de usuários em apenas 5 dias. A empresa também recebeu aporte multibilionário para os próximos anos da Microsoft.

Mas, diferentemente da inteligência artificial mais habitual no mercado, em que há a programação para realização de tarefas específicas de acordo com conjunto de regras pré-definidas, podemos exemplificar o ChatGPT, da OpenAI, como uma Adaptative Artificial Intelligence (AAI - ou inteligência artificial adaptativa), explica Tania Gomes, diretora de Inovação do Ibrawork.

Tania observa esse movimento de AAIs como uma grande tendência para o setor de tecnologia em 2023. O mercado deve se movimentar em torno de dispositivos altamente responsivos que "aprendem" a partir da interação com o usuário, "tornando a experiência conversacional única."

"Esse tipo de ferramenta incorpora o feedback que recebe do ambiente operacional (ou neste caso, do usuário). Desta maneira, as respostas serão cada vez mais personalizadas e específicas", afirma.

Exemplo de respostas dadas pelo ChatGPT.
Exemplo de respostas dadas pelo ChatGPT. (Foto: Reprodução / OpenAI)

Na avaliação do professor e coordenador do Centro de Tecnologia e Sociedade (CTS) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Direito Rio, Luca Belli, o movimento de investimentos do mercado corresponde ao interesse social.

Luca pontua que há um enorme potencial de automatização de processos e possibilidades para uma gama de tarefas úteis no contexto intelectual, como a produção de briefings, projetos, organização de planejamentos e traduções, por exemplo.

No entanto, o professor discorda com a afirmação de que essa tecnologia representa uma fuga da norma estabelecida, pois essa seria a continuidade de um movimento em andamento, pelo menos desde 2018. Contesta também que a perda do protagonismo da inteligência humana esteja ocorrendo a partir da nova solução.

"O mais correto é dizer que esse sistema contribui com a automatização. Porque esse tipo de sistema em si não é tão inteligente. A inteligência é compreensão, é reformulação baseada numa síntese pessoal", explica.

O professor ainda ressalta que, apesar dos resultados extremamente convincentes, reproduzindo de maneira fiel o fruto do intelecto humano, os sistemas atuais de modelagem linguísticas, de tecnologia GPT-3, que processam linguagens, "dão respostas parecidas às respostas humanas, porém ainda superficial, baseia-se em tudo que pode ser encontrado na internet, reproduz textos que já existem sem um tipo de elaboração conceitual profunda".

Mesmo assim, o debate está formado: Até que ponto as máquinas vão acabar com atividades profissionais? Os alunos vão ludibriar professores e obter as respostas dos testes pelo dispositivo? E os programadores, serão superados?

Thiago Pardo, doutor em Ciências da Computação e Matemática Computacional e professor do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da Universidade de São Paulo (USP/ICMC), em São Carlos, analisa que a IA desenvolvida pela OpenAI representa um avanço de produtividade no dia a dia, que é notável o despertar maior da sociedade para o potencial da IA, trazendo mais investimentos.

Mas discussões variadas são levantadas, desde filosóficas, éticas e até científicas sobre as questões envolvidas.

Ele cita ainda a preocupação com a produção de desinformação, "já que o ChatGPT e sistemas do tipo não têm real entendimento do conteúdo que geram e não fazem checagem de informação".

Alguns erros já são notáveis. Nesta semana, um usuário brasileiro do ChatGPT compartilhou nas redes sociais um erro cometido pelo dispositivo em uma resposta. Questionado sobre quem seria o vencedor das Eleições, a IA responde "Jair Bolsonaro". Continuando o diálogo, o usuário questiona quem está na presidência do Brasil atualmente e a resposta foi a mesma.

ChatGPT erra ao responder que Jair Bolsonaro venceu as Eleições brasileiras de 2022 e é o atual presidente do Brasil.
ChatGPT erra ao responder que Jair Bolsonaro venceu as Eleições brasileiras de 2022 e é o atual presidente do Brasil. (Foto: Reprodução / ChatGPT)

Os efeitos negativos da plataforma: de nazismo a vazamentos de informações sensíveis e direitos autorais

O professor da USP, Thiago Pardo, observa que os efeitos negativos da tecnologia já estão sendo amplamente difundidos. E dizem respeito tanto a falhas no "filtro" do sistema quanto a outros problemas de natureza ética e moral.

Para Thiago, alguns problemas principais que podem ser citados como exemplo, temos a preocupação com o ensino, "em que alunos usam o sistema para produzir respostas e redações automaticamente, sem terem de fato aprendido o conteúdo esperado".

Ele ainda cita o que denomina como "produção de conteúdo inapropriado", como conteúdo racista, nazista e homofóbico, apesar de o ChatGPT ter filtros para evitar isso. Porém, há falhas.

Outro debate levantado em torno da popularização do ChatGPT e seu uso indiscriminado e sem supervisão ou revisão é em relação ao vazamento de informações sensíveis armazenadas pelo sistema durante seu aprendizado, como os dados pessoais dos usuários, pontua Thiago.

A discussão em torno do avanço da IA ao ponto de tornar obsoletas algumas profissionais é motivo de debate. Thiago avança na análise sobre esse tipo de questionamento e avalia que o ChatGPT abre outro ponto importante: o desemprego que pode trazer e o uso indevido de conteúdos autorais.

Por exemplo, ao aprofundar sobre algum tema, a partir de um pedido de resumo que um usuário da plataforma faça, o programa pode se utilizar de informações de algum estudo científico, produzir um resumo e não creditar devidamente o autor original.

Mas há soluções possíveis. "É interessante notar que a própria IA pode ajudar a lidar com esses pontos negativos. Por exemplo, a OpenAI e outros pesquisadores já disponibilizaram sistemas para detectar textos produzidos pelo ChatGPT, o que pode ajudar professores a perceber se os alunos apenas copiam suas tarefas do sistema".

Impacto do ChatGPT no mercado de tecnologia e como esse dispositivo de inteligência artificial pode gerar prós e contras na vida dos humanos.
Impacto do ChatGPT no mercado de tecnologia e como esse dispositivo de inteligência artificial pode gerar prós e contras na vida dos humanos. (Foto: FCO FONTENELE)

OpenAI deve lançar novidades em breve

Em anúncio no último dia 1º/2, a OpenAI apresentou o plano de assinatura ChatGPT Plus, disponível para usuários dos Estados Unidos por 20 dólares. Entre os benefícios está o acesso geral ao ChatGPT mesmo em horários de pico, tempo de resposta mais rápido e acesso prioritário a novos recursos e melhorias.

A empresa ainda acrescenta que "adoram" os usuários gratuitos e que manterão o serviço fora da assinatura mensal. Até janeiro, a OpenAI "aprendeu" com a versão prévia.

"Lançamos o ChatGPT como uma prévia de pesquisa para que pudéssemos aprender mais sobre os pontos fortes e fracos do sistema e coletar feedback do usuário para nos ajudar a melhorar suas limitações. Desde então, milhões de pessoas nos deram feedback, fizeram várias atualizações importantes e vimos os usuários encontrarem valor em uma variedade de casos de uso profissional", diz o comunicado.

Planos de baixo custo, planos de negócios e pacotes de dados devem ser os próximos passos da OpenAI.

Chineses preparam concorrente para o ChatGPT

Os chineses também investem forte no desenvolvimento de tecnologia parecida. A Baidu trabalha há anos no desenvolvimento de um sistema parecido com o ChatGPT. Chamado de Ernie, trabalhará com os idiomas chinês e inglês.

O doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP) e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas, Vivaldo José Breternitz, avalia que a solução tem um grande mercado potencial, especialmente porque a ditadura chinesa não permite o uso do ChatGPT no país.

Ernie vem sendo alimentado - treinado, como se diz no ambiente de IA - usando fontes como Wikipedia, BookCorpus, Reddit e produtos Baidu, como o Baidu Baike e Baidu News. No entanto, para ser liberado no mercado chinês, a empresa fará com que Ernie trabalhe de acordo com as regras que regulamentam a censura na China.

O olhar do presidente-executivo da Baidu para o futuro é de que ChatGPT, Ernie e outras tecnologias de conversação via inteligência artificial devem promover uma mudança significativa no mundo dos negócios.

Philips utilizou de inteligência artificial para produzir uma postagem no Instagram.
Philips utilizou de inteligência artificial para produzir uma postagem no Instagram. (Foto: Reprodução / Instagram)

Incentivo à produtividade ou à “burrice humana”?  De que forma veremos essa evolução tecnológica nas empresas?

Se há um questionamento surgindo no mercado é sobre como as empresas brasileiras vão aderir ao que propõe a nova tecnologia. O questionamento em torno do fechamento de vagas de emprego para humanos também é pertinente neste processo. E surge em meio ao "hype" em torno da plataforma e do cenário do mercado de trabalho - especialmente nos Estados Unidos - em que empresas como o BuzzFeed informam que passaram a usar a ferramoenta para reforçar a criação de conteúdo um mês após demitir 12% da equipe.

Luca Belli, professor e coordenador do Centro de Tecnologia e Sociedade (CTS) da FGV, estima que podemos prever que nos próximos 3 a 5 anos haja enormes avanços a partir dos investimentos.

Ele alerta ainda que estamos correndo o risco de que a IA estimule a "burrice humana". "Acho que não deveríamos chamar de solução, mas de auxílio artificial. Precisamos não ser pretensiosos, mas entender que é uma oportunidade para repensar o trabalho intelectual, mas não devemos considerá-los como uma solução que pode substituir o trabalho intelectual humano".

Para Ana Vasconcellos, líder da área de Pequenos Negócios para a Visa América Latina e Caribe, a inovação digital tem contribuído para a reduzir a disparidade de poderio entre grandes e pequenas empresas.

No seu entendimento, o cenário de 2022, de inflação alta, limitações de mão de obra e desafios na cadeia de suprimentos ainda devem impactar os pequenos negócios e todo mercado em 2023. E, neste cenário, ter agilidade nos processos é fundamental.

Ana entende que o empreendedor que puder contar a seu favor com tecnologias como computação em nuvem, ferramentas financeiras digitais e IA, terá processos ágeis.

Ela destaca que, embora pareça algo distante, a pesquisa Visa Small Business Pulse aponta que 44% dos líderes de pequenas empresas pesquisados estão integrando IA, preparando-se para ela ou seguindo de perto a tendência. "Ainda é cedo, mas mal posso esperar para ver a IA do ChatGPT sendo aplicada a cenários reais das micro e pequenas empresas (MPE)."

"Tudo isso pode parecer atordoante, mas é importante sabermos que credenciadores e facilitadores de pagamento especializados em atender as necessidades específicas da pequena empresa estão aí para ajudar a tornar esse processo mais fácil", completa.


Popularização do ChatGPT vem levantando polêmicas.
Popularização do ChatGPT vem levantando polêmicas. (Foto: FCO FONTENELE)


Segundo Anderson Uchôa, gerente de Operações da Moldsoft Tecnologia, ainda está longe do momento em que a inteligência artificial se torne poderosa o bastante para superar a inteligência humana de forma definitiva.

Por isso, acredita que o tipo de tecnologia GPT-3, como o ChatGPT, devem chegar ao mercado, mas aos poucos, auxiliando sistemas já existentes hoje, como o de pedido de segunda via de contas de prestadores de serviço, por exemplo.

"Os chatbots já dominam nosso mercado, alguns com nível de inteligência maior e outros menores. Mas o ChatGPT ainda precisa de um período de maturação, o mercado brasileiro ainda é muito reticente", diz.

Produção de conteúdo publicitário com o ChatGPT

Se a popularização do uso de tecnologias de inteligência artificial adaptativas (IIAs) devem demorar para se popularizar no Brasil, já podem ser destacadas algumas iniciativas pioneiras usando o ChatGPT e outras tecnologias em desenvolvimento.

Exemplo desse movimento foi visto no mercado publicitário brasileiro durante o período próximo ao aniversário da cidade de São Paulo, no último dia 25 de janeiro. Iniciativa da agência iDTBWA permitiu a criação de conteúdo das marcas com o uso de IA combinado a direcionamento e refino humano.

Marcas como Allianz, Alliz, Embratel, Mondelli, Philips, Philips Avent e Walita aceitaram participar de uma experiência da agência, com postagens em suas respectivas redes sociais criadas pelas ferramentas ChatGPT, um modelo de inteligência artificial treinado para conversar e responder perguntas, se tornando quase um assistente, e Midjourney, capaz de gerar imagens inéditas a partir de comandos de texto.

"São Paulo, você é a cidade que nos acolhe e nos inspira a cada dia", diz parte da homenagem desenvolvida pela Philips Brasil utilizando recursos da ChatGPT para o texto e da Midjourney (capaz de gerar imagens inéditas a partir de comandos de texto).

A ideia do projeto era mostrar o potencial da Inteligência Híbrida - uso de Inteligência Artificial em conjunto com a inteligência humana - na cadeia de processos criativos e produtivos dentro do Marketing e da Publicidade.

A CEO da iDTBWA, Camila Costa, comenta que a agência tem mapeado, estudado a fundo e testado ferramentas de IA com potencial de impactar e transformar o mercado de comunicação. Porém, mesmo com os inúmeros benefícios gerados pela tecnologia, ferramentas como essas ainda não conseguem trazer com refino o que as marcas precisam quando o assunto é comunicação.

"Em meio a esse processo, bastaram alguns testes para identificar que a ação humana ainda se faz necessária. Quando se fala em design e olhar mais refinado, alinhados ao que os anunciantes precisam reforçar na sua comunicação, a experiência híbrida é o que vem para ficar", afirma Camila, ainda destacando ativos como o ChatGPT, que tem recebido investimento de bilhões não só pelo valor que já conseguem gerar, mas numa perspectiva futura de "machine learning" que faz com que quanto maior o seu uso, maior o seu aperfeiçoamento.

"O papel humano não deixará de existir, mas já está se transformando e nós, agências, precisamos liderar esse movimento para fora, com nossos clientes, mas também para dentro, preparando nossos profissionais no uso de novos recursos e revisando processos criativos e produtivos", analisa.

Mais notícias de Economia

O PODER DO ChatGPT

As demonstrações do poderio do ChatGPT no dia a dia já é notável. No campo do Direito, a IA conseguiu aprovação no exame “The Bar” nos Estados Unidos, similar à prova da OAB brasileira.
Na Medicina, pesquisadores da Universidade de Yale apontaram em estudo que a IA poderia ser aprovada no Exame de Licenciamento Médico dos EUA.

INVESTIMENTO

A Microsoft aposta na OpenAI há quase quatro anos, quando destinou US$ 1 bilhão para a startup, cofundada por Elon Musk e o investidor Sam Altman. No fim de janeiro, novo investimento "multibilionário de vários anos" foi anunciado, incluindo o desenvolvimento de um supercomputador e suporte de computação em nuvem para OpenAI.

Bruno Montoro, head de Enterprise Business Latin America da Gupshup.
Bruno Montoro, head de Enterprise Business Latin America da Gupshup.

BATE-PRONTO: Setores de saúde, finanças e varejo podem ser os mais beneficiados com IAA, diz Gupshup

Bruno Montoro, head de Enterprise Business Latin America da Gupshup - principal plataforma de engajamento de conversação, gerando mais de 9 bilhões de mensagens por mês e presente em todo o mundo em regiões como Índia, América Latina, Europa Oriental, Sudeste Asiático, Oriente Médio e Estados Unidos.


O POVO - Como a Gupshup observa o crescimento da demanda em torno de tecnologias com inteligência artificial adaptável?


Bruno Montoro - A inteligência artificial adaptativa tem observado um rápido crescimento nos últimos anos e espera-se que continue crescendo no futuro. A IA adaptativa produz resultados mais rápidos e melhores ao aprender padrões de comportamento a partir da experiência humana e de máquinas anteriores, bem como a partir de situações de tempo de execução. Com a crescente disponibilidade de dados e avanços nos algoritmos de aprendizagem de máquinas, a IA adaptativa tornou-se uma tecnologia chave em vários setores, tais como saúde, finanças, varejo, entre outros.

As organizações estão investindo nestas tecnologias para melhorar suas operações, ganhar vantagem competitiva e proporcionar melhores experiências para seus clientes. De acordo com a Gartner, as empresas que incorporaram sistemas de IA adaptativos terão um desempenho superior ao de seus concorrentes em número e tempo de operacionalização dos modelos de inteligência artificial em pelo menos 25%. Os Chatbots baseados em IA adaptativa se baseiam em interações repetitivas com o cliente para melhorar continuamente sua experiência. Isto resulta em melhores habilidades de conversação e recomendações que se tornam cada vez mais personalizadas ao longo do tempo.


OP - Como este movimento afeta o segmento de "chatbots"?

Bruno - A maior vantagem dos chatbots adaptativos baseados em IA é sua capacidade de aprender e melhorar ao longo do tempo, fornecendo respostas personalizadas e mais precisas à medida que eles coletam mais dados. Isto leva a uma melhor experiência do usuário e maior satisfação, assim como a uma maior eficiência durante as consultas dos clientes e redução do tempo de resposta.

Veja, por exemplo: o cérebro de IA de varejo da Gupshup é uma ferramenta inteligente de IA conversacional, que vem com profundo conhecimento e domínio nesta experiência, além de ser hábil em compreender as interações propostas através de uma linguagem natural com os consumidores. Construído sobre modelos de IA próprios para identificar as necessidades exclusivas do consumidor, ele obtém insights mais profundos a partir de cada nova conversa com o consumidor. A Gusphup trabalhou com uma marca austríaca líder de skinwear para elevar a experiência de compra através dos canais de contato com o cliente. Com nosso consultor virtual, a marca viu um aumento na receita trimestral de vendas on-line.

A personalização é outro aspecto chave das soluções de AI conversacional que oferecemos aos nossos clientes. Uma das implementações desta característica da Gupshup se deu para um varejista europeu de luxo na Holanda, com cerca de mil recomendações de produtos bem sucedidos entregues. Este recurso essencial extrapola dados e sinais do usuário de cada interação para prever preferências e depois recomendar produtos, cores, marcas, tamanhos, e muito mais. O modelo de recomendação de produto da Gupshup constrói um perfil robusto do cliente com um profundo entendimento de suas necessidades e gostos e produtos que podem ser potencialmente interessantes para eles.

Aprovação

No campo do Direito, a IA conseguiu aprovação no exame "The Bar" nos Estados Unidos, similar à prova da OAB brasileira. Na Medicina, pesquisadores da Universidade de Yale apontaram em estudo que a IA poderia ser aprovada no Exame de Licenciamento Médico dos EUA.

O que vem por aí

- Em anúncio no último dia 1º/2, a OpenAI apresentou o plano de assinatura ChatGPT Plus, disponível para usuários dos EUA por US$20. Entre os benefícios está o acesso geral ao ChatGPT mesmo em horários de pico, tempo de resposta mais rápido e acesso prioritário a novos recursos e melhorias. Mas o serviço fora da assinatura mensal será mantido, diz o comunicado.

- Os chineses também investem forte no desenvolvimento de tecnologia parecida. A Baidu trabalha há anos no desenvolvimento de um sistema parecido com o ChatGPT. Chamado de Ernie, trabalhará com os idiomas chinês e inglês.

Produção de conteúdo publicitário com o ChatGPT

Se a popularização do uso de tecnologias de inteligência artificial adaptativas (IIAs) devem demorar para se popularizar no Brasil, já podem ser destacadas algumas iniciativas pioneiras usando o ChatGPT e outras tecnologias em desenvolvimento.

Exemplo disso foi visto no mercado publicitário brasileiro durante o período próximo ao aniversário da cidade de São Paulo, no último dia 25 de janeiro. Iniciativa da agência iDTBWA permitiu a criação de conteúdo das marcas com o uso de IA combinado a direcionamento e refino humano.

Marcas como Allianz, Alliz, Embratel, Mondelli, Philips, Philips Avent e Walita aceitaram participar de uma experiência da agência, com postagens em suas respectivas redes sociais criadas pelas ferramentas ChatGPT, um modelo de IA treinado para conversar e responder perguntas, se tornando quase um assistente, e Midjourney, capaz de gerar imagens inéditas a partir de comandos de texto.

"São Paulo, você é a cidade que nos acolhe e nos inspira a cada dia", diz parte da homenagem desenvolvida pela Philips Brasil utilizando recursos da ChatGPT para o texto e da Midjourney (capaz de gerar imagens inéditas a partir de comandos de texto).

A ideia do projeto era mostrar o potencial da Inteligência Híbrida - uso de Inteligência Artificial em conjunto com a inteligência humana - na cadeia de processos criativos e produtivos dentro do Marketing e da Publicidade.

A CEO da iDTBWA, Camila Costa, comenta que a agência tem mapeado, estudado a fundo e testado ferramentas de IA com potencial de impactar e transformar o mercado de comunicação. Porém, mesmo com os inúmeros benefícios gerados pela tecnologia, ferramentas como essas ainda não conseguem trazer com refino o que as marcas precisam quando o assunto é comunicação.

"Em meio a esse processo, bastaram alguns testes para identificar que a ação humana ainda se faz necessária. Quando se fala em design e olhar mais refinado, alinhados ao que os anunciantes precisam reforçar na sua comunicação, a experiência híbrida é o que vem para ficar."

Desafios para evolução tecnológica nas empresas

Se há um questionamento surgindo no mercado é sobre como as empresas brasileiras vão aderir ao que propõe a nova tecnologia. O questionamento em torno do fechamento de vagas de emprego para humanos é pertinente neste processo. Empresas como o BuzzFeed, por exemplo, informam que passaram a usar a ferramenta para reforçar a criação de conteúdo um mês após demitir 12% da equipe.

O professor Luca Belli estima que podemos prever que nos próximos 3 a 5 anos haja enormes avanços a partir dos investimentos. Ele alerta, contudo, que estamos correndo o risco de que a IA estimule a "burrice humana". "Acho que não deveríamos chamar de solução, mas de auxílio artificial. Precisamos não ser pretensiosos, mas entender que é uma oportunidade para repensar o trabalho intelectual, mas não devemos considerá-los como uma solução que pode substituir o trabalho intelectual humano".

Para Ana Vasconcellos, líder da área de Pequenos Negócios para a Visa América Latina e Caribe, a inovação digital tem contribuído para a reduzir a disparidade de poderio entre grandes e pequenas empresas. "Ainda é cedo, mas mal posso esperar para ver a IA do ChatGPT sendo aplicada a cenários reais das micro e pequenas empresas (MPE)."

Segundo Anderson Uchôa, gerente de Operações da Moldsoft Tecnologia, ainda está longe do momento em que a inteligência artificial se torne poderosa o bastante para superar a inteligência humana de forma definitiva. "Ainda precisa de um período de maturação, o mercado brasileiro ainda é muito reticente", diz.

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