O sábado de carnaval nas praias do Icaraí e do Cumbuco, na Região Metropolitana de Fortaleza, foi marcado majoritariamente pela tranquilidade e pela ausência de grandes festas. Havia expectativa de que com a retomada do Carnaval de rua, após as restrições impostas pela pandemia de Covid-19, e com a instalação dos espigões na orla, os foliões voltassem a ocupar os espaços, o que não se concretizou durante a maior parte do dia.
Comerciantes no Icaraí e as barracas no Cumbuco até se preparam para a folia, com decorações alusivas às festividades de Carnaval e caixas de som tocando marchinhas e outros ritmos típicos do período. No entanto, a movimentação registrada foi muito mais de grupos que aproveitavam as praias para relaxar do que para festejos carnavalescos.
A região era o grande ponto de folia de fortalezenses e turistas em décadas anteriores, mas acabou praticamente abandonado pela violência do mar, que avançou. Com a chegada dos espigões, o local voltou a ganhar contornos turísticos. A líder comunitária Vera Mariana, 61, lembrou que o Carnaval do Icaraí “tinha tudo”, com a realização de festas e barracas. “Hoje não tem nada. Começou a evoluir com os espigões, para construir o novo Icaraí”, disse.
Fátima Martins, 61, também ressaltou as estruturas que tentam conter o avanço do mar. “Moro aqui e agora temos a alegria de voltar às praias. Tenho fé de que, com o término dos espigões, (o Icaraí) pode ser melhor do que era antes”, comentou. Já na Praça do Icaraí Clube de veraneio, palco do tradicional mela-mela da região, movimentação foi registrada no final da tarde, onde paredões de som e algumas pessoas se concentravam.
Adriana Nóbrega, líder comunitária do Icaraí e também conhecida como “Loura Maluca” relatou que cobrou apoio da Prefeitura de Caucaia para fazer um polo carnavalesco na praça. "É tradição da década de 1970. Não pode morrer e precisa de apoio público". Enquanto Adriana conversava com o O POVO, paredões eram instalados e mais pessoas chegavam ao local para o festejo, organizado informalmente por moradores da região.
Caracterizada para o carnaval, com adereços e uma peruca colorida, a Loura disse ter feito ainda um pedido para que a prefeitura garantisse a segurança no local. A solicitação foi atendida, com disponibilização de viatura da polícia municipal que estava no local. Sobre a volta do polo carnavalesco, Loura disse que "pediu banda e palco", mas não foi atendida. No entanto, reforçou que em 2024 se organizará novamente para cobrar apoio público.
A Secretaria de Turismo e Cultura do Município informou, em nota, que todos os eventos privados receberam apoio institucional para garantir a segurança dos foliões e reforçou a alta demanda de turistas. "Resultado de investimentos realizados para garantir uma boa experiência aos visitantes, como infraestrutura, espigões”, disse em nota.
No Cumbuco, o clima era de praia e calmaria. Pessoas que trabalhavam em barracas no local revelaram que não havia festividades programadas e que o movimento estava aquém de períodos carnavalescos anteriores. Um dos garçons de barraca disse, reservadamente, que uma obra feita no entorno do local tem prejudicado a movimentação nas barracas.
Apesar da ausência de Carnaval, não faltou música e animação. Valdir Alves, 72, embalava os banhistas que aproveitavam a praia. Com uma viola na mão, ia de mesa em mesa improvisando versos para os banhistas. Ao O POVO, seu Valdir revelou ter 40 anos de profissão, 37 deles no Cumbuco, como uma garantia de entretenimento no local.