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Skiplagging: quando o destino é a conexão
Reportagem

Skiplagging: quando o destino é a conexão

Entenda o debate. E os riscos
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Tipo Notícia
Governo deu prazo de dez dias para aéreas apresentarem plano para redução do preço das passagens (Foto: Aurelio Alves)
Foto: Aurelio Alves Governo deu prazo de dez dias para aéreas apresentarem plano para redução do preço das passagens

Com essa elevação nos preços, os consumidores cada vez mais diversificam estratégias para economizar nos gastos com passagens. Uma dessas práticas, no entanto, tem ligado o sinal de alerta das companhias aéreas: o skiplagging, nome dado à técnica de descer em uma conexão, ignorando assim o destino final.

Na prática, um passageiro, que quer ir, por exemplo, de Fortaleza a Brasília. Ao invés dele comprar um voo direto, cuja passagem está custando R$ 1.427, conforme simulação feita ontem pelo O POVO para o período de 20 a 24 de maio deste ano, ele poderia adquirir um bilhete para São Paulo, com conexão em Brasília, pela mesma companhia, pagando R$ 1.281, e desembarcar na parada, o chamado "destino oculto".

Não há dados concretos de quantos passageiros realizam esse tipo de procedimento nos voos pelo Brasil e pelo mundo, mas dados levantados no Google Trends indicam que a técnica está sendo cada vez mais pesquisada.

A palavra skiplagging teve uma crescente em janeiro de 2023 e registrou pico entre as datas de 19 e 25 de março deste ano, em consulta realizada a partir de 1º de janeiro de 2022 na plataforma.

De acordo com o professor de direito ao consumidor e advogado, Leonardo Leal, a prática não é ilegal, pois é um direito do consumidor usar ou não o serviço que ele contratou.

"Se o passageiro não vai até o local do embarque, isso não gera nenhum ônus para a companhia aérea, mas também não gera nenhum tipo de punição para o passageiro, basicamente. Ele só não terá direito ao reembolso da passagem pela qual pagou. Então eu encaro a prática de você usar um ponto de escala para descer mais ou menos da mesma forma."

O tamanho do desconto que é possível garantir ao utilizar essa estratégia não é claro, devido à alta variação no valor das passagens, mas há relatos de usuários sobre bilhetes achados por menos da metade do preço do que o que seria encontrado nas buscas pelos métodos tradicionais.

O POVO entrou em contato com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e com as três principais companhias aéreas do Brasil para comentar o assunto.

A Anac citou que, segundo as normas da agência, não há menção específica ao skiplagging. Entretanto, o passageiro deve estar ciente de que a obrigação da empresa se dá dentro dos limites do contrato de transporte que foi firmado.

"O passageiro que tem a intenção de desembarcar antes do destino final constante do bilhete deve avaliar eventuais riscos associados a transporte de bagagem, alterações feitas pela companhia, regras para remarcação do bilhete, regras para casos de no show e regras sobre a não utilização do trecho inicial nas passagens do tipo ida e volta", divulgou em nota.

Já a Latam Airlines alertou que esse recurso não é vigente no contrato e que não realiza qualquer tipo de reembolso por problemas ao tentar realizar uma descida antes do destino final.

"A Latam esclarece que a prática de skiplagging não é permitida no contrato de prestação de serviço da companhia. Caso o passageiro, por iniciativa própria, decida interromper a viagem no destino de escala, nenhum reembolso será feito pela companhia".

O POVO também contatou a Gol e a Azul, mas a primeira não respondeu a solicitação, e a segunda falou que não iria se manifestar sobre o assunto.

 

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