Existe uma contradição que revela a urgência da discussão sobre o uso de entorpecentes por adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas, família, monitoramento, políticas sobre drogas, apoio multidisciplinar e territórios. De acordo com o juiz da 5ª Vara da Infância e Juventude de Fortaleza, Manuel Clístenes, em alguns centros socioeducativos do Ceará, 100% dos jovens internados seriam usuários de drogas de forma abusiva. “Em outros, são 80%”.
Adolescentes que muitas vezes já cresceram imersos nas vulnerabilidades. Clístenes destaca que, nos territórios mais periféricos, o contato com o uso de entorpecentes acontece ainda mais cedo. “Já vi casos de crianças que começam o uso com 7, 8 anos. E não são poucos. Crianças em situação de rua, ou que os pais trabalham o dia todo, ou que fica à mercê da organização criminosa que está na vizinhança”, analisa.
Nas audiências de custódia, o magistrado conta que a maioria dos jovens nega o uso de drogas. Duas justificativas podem explicar a negação: a vergonha de mães e avós, que são as pessoas que geralmente acompanham a audiência, ou o fato de eles acharem que, enquanto usuários, são mais vulneráveis. Quando chegam aos centros, porém, em conversa com psicólogos, muitos admitem.
Questionada, a Superintendência do Sistema Estadual de Atendimento Socioeducativo do Estado (Seas) não especificou quantos jovens entram nos centros como usuário de drogas. Em nota, a pasta afirmou que demonstra preocupação com “o crescente aumento da medicalização de psicotrópicos entre adolescentes”. Os jovens exibem queixas frequentes de insônia, ansiedade, irritabilidade, fadiga e melancolia, sintomas típicos da abstinência.
Conforme a Seas, os adolescentes com sintomas são encaminhados ao Caps AD (Centros de Atenção Psicossocial-Álcool e Drogas) e retornam ao centro socioeducativo sob a influência de psicotrópicos. A pasta afirma ainda que, em abril deste ano, um grupo de trabalho com representantes da Saúde estabeleceu novo fluxo de acolhimento e tratamento dos internos.
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Rede de Atendimento Piscossocial
7 Caps AD: Regional I ,II, III, IV, V, VI e Centro.
Caps AD 24 horas com internação: Regional II, 9 leitos (6 masculinos e 3 femininos); Regional I, 8 leitos (2 femininos e 6 masculinos)
Unidade de Acolhimento:
Feminina - Regional I, com 12 leitos;
Infanto-juvenil - Regional II com 12 leitos;
Masculina - Regional VI com 12 leitos;
UA Silas Munguba - Regional V com leitos 15 masculino e 15 feminino.