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Spaece: a fórmula dos municípios que conseguiram bons resultados logo após a pandemia
Reportagem

Spaece: a fórmula dos municípios que conseguiram bons resultados logo após a pandemia

|Ceará|Duas Coordenadorias Regionais de Desenvolvimento da Educação reúnem cinco dos sete municípios com nível desejável em português segundo o Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica do Estado (Spaece)
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Governo do Ceará divulgou os resultados em junho
 (Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE Governo do Ceará divulgou os resultados em junho

O Ceará é dividido em 20 Coordenadorias Regionais de Desenvolvimento da Educação (Credes), que congregam os 184 municípios. Duas delas foram destaque no Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica do Estado do Ceará (Spaece) — tanto no exame diagnóstico, em janeiro de 2022, como na prova oficial, em outubro.

Na primeira avaliação, feita logo no retorno oficial das aulas presenciais, apenas sete cidades alcançaram o nível "desejável" na proficiência em português. Dessas, cinco estão inseridas na Crede 6 - Sobral, formada por 20 municípios; e na Crede 14, que reúne sete.

 Entre as ações desenvolvidas pelas Credes estão a execução de políticas públicas e programas, capacitação para docentes, fóruns entre os diretores-líderes, acompanhamento técnico e monitoramento de níveis e resultados.

"São três frentes de trabalho: promover a política educacional, fazer a gestão da rede escolar estadual e o regime de colaboração entre os municípios", explica o coordenador da Crede Sobral, Daniel Carlos da Costa.

Ele acrescenta entre as premissas da Crede a promoção da equidade em relação à aprendizagem entre diferentes municípios. Ou seja, um núcleo que centraliza demandas das redes municipais ao mesmo passo que descentraliza a administração da educação cearense.

 Daniel destaca que os bons resultados no Spaece são fruto do empoderamento construído junto a prefeitos, secretários, diretores, professores e comunidade escolar. "É dar plenas condições à escola para funcionar bem, garantir material, transporte escolar. E mostrar o papel e a função social da escola, para fazer um trabalho mais focado, com acolhimento", detalha Daniel.

A receita é quase sempre a mesma e passa pela interação entre os municípios e a Crede a qual estão vinculados. A parceria possibilita mais monitoramento das deficiências de aprendizagem, disponibilidade maior de recursos, formação de professores, parcerias, compartilhamento de experiências e ludicidade. Exatamente os ingredientes destacados pelos gestores dos municípios que pertencem às duas Credes (6 e 14) e que também apresentaram crescimento entre as provas de janeiro e outubro.

Até o início pandemia, os alunos que tinham baixo desempenho recebiam aulas de reforço ou recuperação. Com o distanciamento social e as inúmeras dificuldades das aulas em formato on-line, a expressão "recomposição da aprendizagem" ganhou significado, planejamento e esforço.

"Tão logo começou o período remoto, já fizemos um trabalho com os municípios, para manter o engajamento dos alunos. Onde havia mais necessidade, conseguimos mais materiais. Estabelecemos metas e linhas de ações", explica o coordenador da Crede Sobral, Daniel Carlos da Costa.

"O que a gente percebe é que, em algumas coisas, é o famoso arroz com feijão bem feito. Ações sistêmicas e articuladas dentro de um monitoramento do aluno", resume o coordenador da Crede 14 - Senador Pompeu, José Cristiano Vitorino Costa.

Ele explica que antes da pandemia, em cada início de ano letivo, os municípios já tinham acesso aos resultados preliminares das avaliações, o que orienta os enfoques de aprendizagem. "Estamos organizando um outro diagnóstico para agosto, com o objetivo de reforçar as competências e habilidades cobradas em provas externas".

O compartilhamento de ações entre Estado e municípios, uma das atribuições das Credes, é um dos fatores destacados pelo coordenador que justificam as médias positivas sobre a proficiência dos alunos, principalmente os do 2º ano, que fazem o Spaece-Alfa. "Como é importante a prática do que está no papel! Esse Pacto de Cooperação realmente existe. Todas as propostas da Seduc (Secretaria da Educação do Estado) chegam à Crede, que repassa e fortalece nos municípios", avalia José Cristiano.

Os coordenadores das duas Credes e os secretários de Educação dos quatro municípios que conversaram com O POVO destacaram ainda o investimento financeiro feito por Governo do Estado e prefeituras. O Pacto pela Aprendizagem, lançado em 2021, foi o mais destacado: foram investidos R$ 50 milhões em tecnologia, plataformas de aprendizagem e material de apoio para a recomposição de aprendizagem. Outros R$ 80 milhões foram para os municípios para compra de transporte escolar, investimento tecnológico e implementação do tempo integral nas escolas.

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