Para o próximo ano, os analistas devem manter a mesma dureza nas projeções que envolvem a política econômica do governo federal e as empresas que sofrem influência do Executivo na gestão, segundo observa Ricardo Coimbra, economista e conselheiro da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec) do Brasil.
A explicação está no perfil do governo Lula, que mantém um caráter assistencialista e de maior potencial de gasto:
"Parte significativa do mercado olha sempre com o pé atrás. Exatamente porque há sempre um grupo mais desenvolvimentista e esse grupo pode, de alguma forma, tentar flexibilizar o crescimento de gasto", completa Coimbra.
A fala de Lula nas últimas semanas, quando considerou o déficit zero fora das prioridades do governo federal enquanto a meta foi um dos destaques do arcabouço apresentado pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda), corroborou essa interpretação e lançou mais dúvida para a economia brasileira no próximo ano, segundo ele.
Mas, além do mercado interno, os analistas apontam outros elementos como decisivos para a dinâmica do mercado financeiro em 2024, como alerta Rafael Meyers, gestor na Solutions MFO, empresa do Grupo Solutions WM:
"Para o próximo ano, a gente acredita que a combinação de mercados globais voláteis e uma situação fiscal preocupante no Brasil pode impedir que investidores estrangeiros e locais façam alocações mais estruturais na bolsa brasileira".
Hoje, observa, a bolsa é comercializada com um preço sobre o lucro "bem interessante", com garantias altas de retorno. Mas, de fato, esses fatores podem impactar a projeção.
Até dezembro, no entanto, são esperadas a promulgação da reforma tributária, a confirmação das metas do arcabouço fiscal e a aprovação do orçamento.
O cenário, apesar de projetado para o futuro, ainda despeja muita especulação sobre o mercado em 2023, alerta o economista e professor Luiz Viana.