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Ceará vai receber mais de 10 mil cisternas em retomada de programa federal
Reportagem

Ceará vai receber mais de 10 mil cisternas em retomada de programa federal

Reformulação
Edição Impressa
Tipo Notícia

Há pelo menos dois anos, o sentimento de "amparo" das famílias que necessitam das cisternas deu lugar à preocupação, porque o programa sofreu uma drástica redução da capacidade. Em todo o Brasil, foram entregues apenas 4,3 mil reservatórios em 2021 e 5,9 mil em 2022, conforme dados do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS).

De acordo com Pasta, os últimos dois anos a iniciativa teve a pior execução da sua história, ainda que programa viesse sendo descontinuado desde 2017, ainda na gestão Michel Temer (2016-2018). Sob Bolsonaro, o acordo de cooperação entre o Governo Federal e entidades foi paralisado, sendo executados apenas contratos antigos.

Para este ano, a previsão era de que somente R$ 2 milhões seriam aplicados na iniciativa. No entanto, o MDS retomou o Programa Cisternas por meio da reformulação de dois acordos. Uma das tratativas foi com o Programa Um Milhão de Cisternas (AP1MC), da ASA, iniciativa que atua desde o fim dos anos 1990 e que já ganhou reconhecimentos como o Prémio Sementes 2009, da Organização das Nações Unidas (ONU).

Outra negociação retomada foi com a Fundação Banco do Brasil e com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Ambas as parcerias possibilitaram que o Governo Federal recuperasse R$ 56 milhões que "seriam perdidos por problemas de gestão do governo anterior".

Segundo o coordenador da ASA, Erinaldo Lima, a ausência de recursos federais teve impacto negativo: "Gerou uma demanda muito grande para os municípios, para as famílias cearenses. Porque praticamente as nossas organizações não executaram (recursos previstos), o que executaram foi o que ficou ainda de recurso do governo Dilma".

Além disso, o Governo Federal lançou, neste ano, dois editais para a contratação de cisternas no Semiárido e na Amazônia, disponibilizando ao todo R$ 500 milhões para a construção das tecnologias. Só o Ceará deve receber dez mil equipamentos para consumo e 850 para produção de alimentos.

Anúncio trouxe esperança para Maria Ausenira, que atua como vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Maranguape. Ela ainda lembra a sensação de felicidade de quando, há dez anos, recebeu a cisterna da sua casa.

A liderança diz atuar fazendo a ligação entre as pessoas que precisam de cisternas e os entes públicos. Ausenira lembra que, antes de ter o reservatório, enfrentava filas só para pegar água do rio, tendo muitas vezes que cavar terra para encontrar o recurso.

"(Nos últimos anos) Ficamos esperando e nada, não tem mais repostas (...) Promessas e mais promessas, e não chega mais onde a gente desejava (...) Depois que a cisterna chegou aqui foi muito bom. Uma alegria imensa, mas para aqueles que não receberam, fica a desejar."

Questionada sobre a retomada do programa, ela afirma: "Eu até me arrepio. É o que a gente sonha e eu fico feliz". 

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