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Aprendendo na prática
Reportagem

Aprendendo na prática

Diferentes formas de comunicação.
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Como transmitir um tema tão complexo como o antirracismo para crianças? Para os educadores, é preciso utilizar formas de comunicação que vão além da linguagem oral, passando pela corporal, gráfica, textual, da criação, da construção, da imaginação, dentre outras.

Patrícia Serra, coordenadora do CEI Ana Amélia, conta que as crianças escutam músicas africanas na hora da brincadeira livre, têm apresentações de grupos de capoeira e um espaço chamado "Cantinho da Diversidade" para debater as relações étnico-raciais — ouvir e ler histórias que retratam personagens negros.

Outras atividades propostas pelo documento orientador do projeto "Protagonismo Infantil" sugere a apresentação de pinturas corporais africanas e indígenas, de heróis negros, como Zumbi dos Palmares, e de expressões artísticas, como o Maracatu.

"É exatamente para garantir o direito de todas as crianças, independente da cor, da religião ou da raça, de brincar, de participar, de se expressar, de conviver e de estar em um ambiente que gere plenamente o seu desenvolvimento", diz Simone Calandrine, coordenadora da educação infantil da rede municipal de ensino da Capital.

Aleandra de Paiva Nepomuceno, 43, mãe de Liana, 3, estudante do CEI Ana Amélia, conta que trabalha a consciência racial com a filha desde sempre. Com uma família composta por pessoas pardas e negras, enaltecer a cultura afro-brasileira é de extrema importância para Aleandra. Por isso, o trabalho feito na escola é visto como positivo pela mãe.

"A escola fortalece isso", afirma. Ela conta que Liana adora levar para a creche uma boneca negra, demonstrando orgulho e carinho pelo brinquedo. "As professoras entendem e respeitam a potência que é ela levar essa boneca e as discussões que isso pode trazer", conta. O fato de a escola ter uma coordenadora negra, como Patrícia, também é um ponto de segurança e conforto para a família.

"A gente precisa tratar esse tema com a importância que ele tem, para realmente tirar certas dores do futuro. Porque o racismo causa muita dor. Então, quando eu vejo esse trabalho acontecendo dentro da rede, me emociono. É preciso valorizar nossa criança preta do jeito que ela é e deixar esse tema de forma muito clara para todos, para as crianças brancas também, para entenderem que o racismo não pode continuar", relata Patrícia. (Alexia Vieira)

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