Diante do cenário desafiador em que o Brasil é um dos países em que mais trabalhadores são afastados por doenças mentais, mudanças no dia a dia das empresas são essenciais. Maria Evarnis Brito, auditora fiscal do Ministério do Trabalho, destaca que é necessário que os empregadores se conscientizem e estejam atentos às questões pelas quais o trabalhador passa. Isso inclui assumir o papel do trabalho em caso de doença, já que o nível de subnotificação pode ser considerado alto. Para ser denominada doença ocupacional, é preciso da notificação de doenças e agravos relacionados ao trabalho, com o Comunicado de Acidente de Trabalho (CAT).

"Como nós sofremos os influxos de várias questões que nos deixam debilitados mentalmente, o empregador acaba descuidando dos riscos psicossociais (inerentes ao trabalho), alegando que o trabalhador já é acometido de depressão, de que já tem uma pressão muito grande da modernidade e das outras questões que não o trabalho", afirma.

Ana Valéria Targino, procuradora do Ministério Público do Trabalho do Ceará (MPT-CE), avalia que são necessárias práticas mais humanizadas no ambiente de trabalho. A ideia de impor o ideal de "sempre dobrar a meta" a cada período ou alçar líderes abusivos na cobrança pode se tornar contraproducente e gerar custos e perda de produtividade com o aumento dos afastamentos ao invés de potencializar ganhos "espremendo" os funcionários.

"Vemos que há uma onda de desumanização nas relações de trabalho, por isso que os dados de afastamentos só aumentam. Formaram uma estrutura que adoece com metas inalcançáveis, com cobranças até por Whatsapp que não permitem ao trabalhador o direito de desconectar", pontua.

Dentre um conjunto de soluções destacadas pela procuradora está a de capacitação dos profissionais, melhoria do acolhimento com setores de Recursos Humanos independentes, planejar a equipe de forma que cative e empodere as partes, esclarecer fluxos internos e abrir a comunicação.