"O caso do Andréa a gente conhece bem, porque foi um trabalho sem sintonia. Não é fácil olhar para um prédio e dizer um grau de risco. Tem de conhecer a história do prédio. A idade nem é tão importante, mas a história e os sintomas, sim", detalha o engenheiro Carlos Wellington, que também é coordenador do Laboratório de Tecnologia do Instituto de Tecnologia de Pernambuco (Itep). O Estado tem um histórico de tragédias envolvendo desabamentos e, ainda na década de 1990, principalmente das construções do tipo "caixão", erguidos com a técnica de "alvenaria resistente na função estrutural".
O Itep realizou, desde 2005, um trabalho que identificou 5.300 edifícios com algum grau de risco em Pernambuco. Naquele ano, houve a proibição dos prédios construídos com alvenaria resistente, que é uma técnica construtiva que utiliza unidade de cerâmica ou concreto de vedação com a finalidade estrutural. Do total de prédios de alvenaria resistente com até quatro pavimentos, 326 foram diagnosticados com nível 4 — o mais crítico em relação ao risco de desabamento.
Carlos frisa a importância de haver muita investigação sobre o diagnóstico de uma edificação. "Não pode ser uma inspeção meramente visual. Em prédios de alvenaria, a identificação de problemas é zero. Para os de concreto armado, até dá uma indicação do está errado, mas também precisa de muita informação", afirma.
Histórico, antecedentes, alterações já realizadas, laudos anteriores.. tudo é importante. "O mais importante é que haja tempo para investigar, não pode ser só um dia para conhecer o real problema".