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Como estão os 3 prédios interditados no ano que o Edifício Andréa desabou
Reportagem

Como estão os 3 prédios interditados no ano que o Edifício Andréa desabou

|Histórico| Uma das edificações fez reparos e foi desinterditado, outro imóvel teve o processo arquivado e segue desocupado e um terceiro deverá ser judicializado por negligência
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Sair de casa, vestindo apenas a roupa do corpo — e talvez dê para levar os computadores e documentos. Os moradores do edifício Modigliane, no bairro de Fátima, viveram essa realidade 15 dias após a queda do Andréa, em 2019. Problemas na fachada e infiltrações eram facilmente percebidas, assim como rachaduras. O prédio foi desinterditado um ano depois, após correções.

O POVO visitou três endereços que registraram ocorrência de desabamento ou risco de desabamento nos últimos anos. Três situações diferentes, em bairros e contextos sociais e financeiros também distintos. No Modigliane, de acordo com um dos moradores, que não quis se identificar, tudo começou quando outro morador disse ter ouvido um estalo. Como os condôminos já tinham consciência da necessidade de reparos, houve o acionamento da Defesa Civil.

Foram indicados reparos, principalmente na laje de uma varanda, que teria sido construída fora da planta original. "Foi feito tudo que a Defesa Civil pediu. Eu não saí, conversei com um dos engenheiros e vi que não tinha perigo", disse o morador. Os residentes que haviam deixado o prédio voltaram depois de seis meses. A empresa responsável pela inspeção predial do Modigliane informou que há um processo em andamento e por isso não poderia fornecer mais informações.

Também em 2019, o edifício que fica na esquina da rua Lígia Monte com avenida Sebastião de Abreu, no Cocó, foi interditado. Parte da fachada desabou, abriu um buraco no subsolo do prédio e atingiu dois carros que estavam estacionados, danificando também sacadas de andares inferiores. Em matéria na época, O POVO destacou que "segundo a Defesa Civil, a estrutura dos ladrilhos dos andares pode ter caído por falta de reparos e inspeções, por se tratar de um prédio antigo".

Atualmente, o edifício permanece de pé, mas não há moradores. Há apenas uma zeladora, que mantém o local limpo. De acordo com a Defesa Civil, a estrutura ainda oferece risco, pois as intervenções solicitadas não foram realizadas. O próximo passo será o possível ajuizamento do imóvel, por negligência.

Outra edificação, no bairro Montese, também precisou ser evacuada em 2019. Com mais de 40 anos de existência, o local apresentava rachaduras, inconsistências nas escadas, fissuras e duas caixas d'água próximas de rompimento.

O prédio nunca havia passado por reformas e, quatro anos depois, continua sem intervenções. O esqueleto da estrutura existe, mas não há janelas e nem telhado.

"O caso desse prédio foi arquivado esse ano, porque são só dois pavimentos e tem um recuo grande na frente, nas laterais e atrás. Se ele desabar, não atinge os imóveis laterais. E a proprietária vedou a entrada", explica a chefe do Núcleo de Ações Preventivas (Nuprev) da Defesa Civil de Fortaleza, Margareth de Paula.

Com a ocorrência do Andréa e as interdições de outros edifícios, um Grupo de Trabalho reuniu diferentes órgãos foi formado e atuou em conjunto para fiscalização. Hoje, com a extinção do GT, as demandas trocadas entre Defesa Civil, Seuma (Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente), Agefis, Ministério Público do Ceará (MPCE), Crea-CE, Sinduscon e Secovi, são apenas pontuais.

Questionada sobre essa troca de dados, que permitiria, por exemplo, saber quantas emissões de Certificado de Inspeção Predial (CIP) são de prédios com mais de 50 anos, a superintendente da Agência de Fiscalização de Fortaleza (Agefis), Laura Jucá, especificou as responsabilidade de cada Pasta: "Seuma emite o CIP, Agefis fiscaliza e Defesa Civil avalia".

"O MPCE continua acompanhando e a gente continua nos comunicando. Posso assegurar que as edificações de risco em Fortaleza são recebidas prioritariamente", afirma Laura. Ela explica que as ações da Agefis que identificam a ausência do CIP ou irregularidades estruturais acontecem junto a outras temáticas também fiscalizadas. É o que a Superintendência classificou como busca ativa.

"Temos equipes em toda a Cidade, então, se os fiscais vão a um prédio para uma demanda sobre resíduos sólidos e identificam outras temáticas, também verificamos se estão em conformidade", explica Laura Jucá. Ainda de acordo com a superintendente, o bairro que concentra mais prédios com problemas estruturais é o Centro, por ser o bairro mais antigo de Fortaleza.

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