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Dom Gregório Paixão: Embalado por braços de ternura
Reportagem

Dom Gregório Paixão: Embalado por braços de ternura

Novo arcebispo metropolitano de Fortaleza reflete sobre os valores natalinos, que partem da fé cristã, mas atravessam de sentimentos mesmo de quem não compartilha da fé
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Fiéis durante a 40ª Caminhada da Seca, em Senador Pompeu, no Ceará, em 2022 (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS Fiéis durante a 40ª Caminhada da Seca, em Senador Pompeu, no Ceará, em 2022

Mais uma vez toda a sociedade se prepara para celebrar o Natal. Digo "toda" porque mesmo os não cristãos são embalados pelo espírito natalino, pela beleza da decoração das cidades, pela agitação do comércio e pelos nobres sentimentos que em nós desabrocham nas últimas semanas do ano civil.

Como fato histórico e religioso somos levados àquela noite fria e vemos vagar sozinhos, na agitada Belém de 2 mil anos atrás, Maria e José. Eles sentiram na alma o pior dos vírus, que é o da indiferença, que torna invisível, aos nossos olhos e coração, o irmão necessitado.

Apesar do desprezo manifestado ao Filho, o Pai não desistou de dá-Lo ao mundo. Ele nos entregou a sua divindade e recebeu a nossa humanidade, para se colocar ao nosso serviço. Desse modo, o Natal só se explica por um amor extraordinário, sem limites, pois "a medida do amor é amar sem medida", e é dessa forma que Deus nos ama.

Assim pensando, o nascimento de Jesus é um grito de amor e de paz, em meio à insanidade das guerras que vemos ao vivo e a cores, num espetáculo macabro que entristece o nosso coração e nos revela o medo, o frio e a fome que atingem nossos irmãos e irmãs. Todos os tipos de guerra — inclusive a que vemos na sociedade, nas redes sociais — são responsáveis pelo cenário de morte, com vidas destruídas em rostos visíveis.

A nossa oração, nessa Noite Feliz, deve se dirigir a Deus pela vida daqueles que vivem noites infelizes, em locais onde a força do amor está sendo corroída. Se assim fizermos, não cairemos na mesma indiferença daqueles que fecharam suas portas para Jesus Cristo. Não podemos acrescentar novas feridas à humanidade pela insensatez das divisões, pela crueldade dos preconceitos e pela divisão dos corações. Se a Sagrada Escritura nos diz que Jesus é o Príncipe da Paz, nossa atitude deve ser a de pregoeiros da paz.

O verdadeiro Natal se dá pela união dos cristãos e de todas as pessoas que acreditam na força do amor, pois o que nos une é maior do que o que nos divide. Unamo-nos, assim, em vista da dignidade dos nossos irmãos e irmãs, porque a caridade é sempre vínculo de união perfeita.

Feliz aquele que encontra o verdadeiro sentido do Natal. Feliz o que descobre de onde vem esse clima, essa alegria e essa paz que surge como resposta à correria, à ansiedade, à insanidade e à indiferença.

Que o espírito do Natal faça crescer em nós a esperança e o encanto, mesmo em tempos difíceis. Que o nosso coração se torne manjedoura para acolher o Menino que insiste renascer em nossa vida, a cada dia, a cada instante. Ele tem carência de nossa atenção e de nosso amor, pois nos ama eternamente e deseja ser embalado por braços de ternura e solidariedade.

Assim, ame o Menino Deus, mas ame sem medo; e não esqueça de quantas pessoas não conseguem mais esperar por seus gestos de amor.

Feliz Natal!

Dom Gregório Paixão: arcebispo metropolitano de Fortaleza 

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