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Ano que vem tem eleição?
Reportagem

Ano que vem tem eleição?

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Rio de Janeiro - Urna eletrônica de contingência do TRE sendo preparada para envio aos locais de votação nas eleições municipais de 2020, no pólo eleitoral Jardim Botânico. (Fernando Frazão/Agência Brasil) (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil Rio de Janeiro - Urna eletrônica de contingência do TRE sendo preparada para envio aos locais de votação nas eleições municipais de 2020, no pólo eleitoral Jardim Botânico. (Fernando Frazão/Agência Brasil)

 

Faz uns dias, um amigo me perguntou: “Ano que vem tem eleição, né? Governador? Prefeito?”. Respondi: Prefeito e vereador. Ele, então, rebateu: “Muita gente na rua”. Com certeza, reforcei. Aí veio o questionamento: “O que esperar? Quem ganha?” Na hora, desconversei porque não há resposta pronta ou espelho que reflita algo tão dinâmico.

Para projetar as tendências na política em 2024 é preciso observar 2023 pelo retrovisor. O ano que se vai deixa pistas sobre o que vem pela frente na cancha política. Disputa talvez seja a palavra que melhor resume a projeção; dentro de partidos, dentro das câmaras e sobretudo pelas prefeituras. No Ceará, as tais disputas envolvem, inclusive, antigos aliados, o que promete esquentar ainda mais o clima. Em meio a esse cenário despontam tendências.

Dos temas com impacto imediato, vem à memória instantaneamente as gratuidades no transporte público e a Taxa do Lixo. O Passe Livre estudantil em Fortaleza e o VaiVem metropolitano têm impacto direto no bolso das famílias e, portanto, no eleitorado. Com modelos em aplicação em Fortaleza e na Região Metropolitana, pesam positivamente para gestores e grupos políticos que já o oferecem e deverá ser uma cobrança aos demais.

A Taxa do lixo será motivo de questionamento. No caso de Fortaleza, por exemplo, a cobrança está vigente há nove meses e repercutiu negativamente, gerando desgastes na arena política desde o seu nascimento. Pré-candidatos da esquerda e da direita se uniram durante o ano num coro que manifesta a intenção de revogá-la na primeira oportunidade.

Falando em tendências, não dá para esquecer da internet, que ferve em ano de eleição e será ferramenta central no processo. As fake news ainda serão uma realidade em 2024 e com ingredientes novos e perigosos. O avanço tecnológico possibilitou novas formas de desinformação, como ferramentas de Inteligência Artificial (IA) que já têm sido usadas para alterar discursos e até rostos, atribuindo ações que não ocorreram a políticos.

O pleito de 2024 trará de volta a normalidade de um pleito municipal. “Muita gente na rua”, como disse meu amigo. Em 2020, o período eleitoral foi repleto de restrições em decorrência da Covid-19 e das medidas de proteção contra o vírus. Portanto, o último pleito em condições normais ocorreu em 2016, há oito anos. Muita coisa mudou de lá para cá.

Mas nem só de malfeitorias vive o mundo digital, outro fenômeno que já desponta nas redes sociais são os influencers de prefeito. Uma onda que inunda plataformas, com influenciadores produzindo conteúdo sobre os gestores municipais. Diversas postagens de tom cômico começam a circular, com memes em defesa dos ocupantes do cargo: “Não fale do meu prefeito”, dizem, assumindo o papel de “babão do prefeito”. Não é difícil rolar a tela do celular nas plataformas de vídeo e dar de cara com uma postagem assim.

Outros influenciadores, mas no campo político, são os padrinhos políticos. Aqui, vale citar o presidente Lula (PT) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como tendências. A polarização entre os dois é ingrediente certo, com as alcunhas de “candidato do Lula” e “candidato do Bolsonaro” se espalhando pelo Brasil. Na arena local, vale citar ainda o ex-governador Camilo Santana, que deverá ter a imagem utilizada por aliados.

As questões de gênero também são tendências. Agora é que são elas?! A luta das mulheres por espaço na política continuará em destaque, para além de ter mais candidaturas, devem buscar garantias de competitividade num ambiente amplamente masculino. Casos antigos envolvendo o tema serão ressuscitados e novos podem surgir.

Dirigentes partidários devem acender alerta, a fim de garantir o direito do segmento e evitar punições semelhantes às de anos anteriores pelo descumprimento da cota de gênero. O tema certamente já aparece no horizonte da Justiça Eleitoral como uma das prioridades.

Há muito para acontecer e mais para se projetar. Se aquele amigo perguntasse, novamente, “o que esperar?” da política e da eleição no ano que vem, dessa vez, eu faria como os políticos em questões de ano pré-eleitoral e diria: Vamos deixar para discutir 2024 em 2024.

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