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Como Estado e Capital veem o uso de aparelhos eletrônicos em sala de aula
Reportagem

Como Estado e Capital veem o uso de aparelhos eletrônicos em sala de aula

|Medida|Especialista vê proibição como última barreira contra uso indevido de celulares durante as aulas
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Tipo Notícia

No Ceará, desde 2008 uma legislação dispõe sobre a proibição do uso de equipamentos de comunicação, eletrônicos e outros similares durante as aulas.

Jucineide Fernandez, secretaria executiva de ensino médio e profissional da Secretaria da Educação (Seduc), explica que as escolas "têm autonomia para definir em seus regimentos sobre o uso de recursos disponíveis em sala de aula e em outros ambientes escolares".

"O estudante pode trazer esse equipamento pra escola e usar nos intervalos ou durante o horário de almoço nas escolas de tempo integral. Ou se ele não pode trazer para a escola, isso fica a cargo de cada regimento. Mas o uso nas aulas sem objetivo pedagógico não é permitido. Nós também temos essa preocupação e por isso que essa regulamentação atende ainda aos nossos anseios", destaca.

De acordo com a Seduc, as escolas da rede pública estadual acompanham o cumprimento da legislação por meio de diversas estratégias, amparadas pela Superintendência Escolar. Além disso, a pasta conta com ações como o Projeto de Educação Híbrida (PEH) para a década de (2021-2031), que busca fortalecer o ensino conectado estimulando iniciativas no âmbito da Educação Híbrida.

A Secretaria Municipal da Educação de Fortaleza (SME) também conta com programas que incentivam o uso de tecnologia na educação, dentre eles a Sala de Inovação e Tecnologias na Educação Infantil, inaugurado em 2023 nos Centro de Educação Infantil (CEI) de Fortaleza. O espaço é uma espécie de "ilha tecnológica", onde, por meio de computadores, crianças têm acesso a conteúdos pedagógicos de forma lúdica e interativa.

Mariana Cunha, professora da educação infantil do Município, vê esse processo de introdução de tecnologias na sala de aula como "inovador". Exercendo o conceito na prática, ela pontua que usa as ferramentas digitais para, ao contrário de distrair, concentrar a atenção dos seus pequenos alunos.

"Existem aplicativos e jogos que podem ser utilizados para trabalhar memória, leitura, imaginação, criatividade, ludicidade etc. Gosto muito de utilizar como contação de história, para iniciar algum tema que gosto de tratar com as crianças, eles ficam bem interessados e interagem bem", pontua.

Para a psicopedagoga Camila Medeiros, no entanto, de uma forma geral os esforços realizados para aliar o ensino com a tecnologia no Brasil enfrentam dificuldades, como uma educação que ainda é atravessada por "problemas básicos".

Desta forma, ela destaca que proibir o uso de celular para fins indevidos em sala de aula seria como um "último suspiro" na "guerra" contra o excesso de tela. A aplicação, entretanto, é complexa.

"Seria perfeito se a educação no Brasil fosse imersiva, tecnológica, baseada em vivências e projetos, para que a própria aula fosse atrativa o suficiente para não sobrar espaço para o uso indevido do celular. Porém, essa realidade, neste momento, está só em nossos sonhos", destaca a profissional.

Além disso, Camila pontua a necessidade de inclusão dos pais no debate, pois a criança e o adolescente que vive a liberação de telas em casa pode sofrer uma situação conflitante na escola.

"Essa (decisão) precisa ser uma decisão onde todos estejam em acordo. Se alguns pais compreenderem que isso de alguma forma 'fere a liberdade do filho', será uma proibição com muitos conflitos". 

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