O uso moderado do celular e de outras tecnologias deve ser um hábito incentivado pelos pais desde cedo. Na caso de Jamile Campos, 41, a estratégia adotada para "controlar" a utilização de aparelhos em casa varia conforme a idade dos filhos, Maria Clara, 8, Arthur, 11, e Gabriel, 17.
"O único que tem acesso livre ao celular é o mais velho, que tem seu próprio aparelho, e não é monitorado, mas conversamos bastante sobre que tipo de conteúdo é legal de se consumir. Porém, concordamos que eu baixasse um aplicativo de localização para a segurança dele. Já os mais novos utilizam o meu celular de vez em quando e com o meu controle. No mais, somos uma família moderna. Procuramos entender qual a linguagem deles", conta.
Conforme a psicóloga Andreia Calçada, responsáveis "precisam ter ingerência sobre o uso do celular e do computador dos filhos", podendo fazer isso por meio de aplicativos próprios para este fim.
"Se você começa cedo, quando a criança é pequena, fica mais fácil, e quando os filhos chegarem à adolescência, vão aceitar melhor esse monitoramento. Os pais muitas vezes não sabem os riscos que os filhos correm, mesmo eles estando dentro de casa ou na própria escola", orienta a especialista.
Para a psicopedagoga Camila Medeiros, esse controle "não tem a intenção de invadir a privacidade e sim de promover a segurança" das crianças e dos adolescentes. "A dica que eu dou (para os pais) é: não saia de dez horas de liberação do celular por dia para uma hora. Vá reduzindo aos poucos, até que chegue a uma quantidade de horas razoável para a idade (...) Os pais devem ter paciência, as birras vão vir, mas também vão passar. Tudo é questão de costume", destaca.
Ela pontua que é preciso entender a realidade social no qual a família está inserida, pois muitas vezes as telas são uma alternativa "democrática", pelo celular estar presente na maioria dos lares brasileiros, e "viável" para os pais e mães que trabalham e não podem acompanhar as crianças em outras atividades.
"É importante que a criança e adolescente passe por períodos de tédio, para o desenvolvimento da criatividade, autonomia e imaginação. (É importante) que os pais também ofereçam boas oportunidades de atividades para serem realizadas no espaço vazio. Muitas vezes existem talentos escondidos por trás das telas, que poderiam estar realizando atividades artísticas ou esportivas, mas não foram apresentadas a esses mundos. Claro, a depender da realidade de cada família", diz.