Um laudo técnico, realizado no final de 2023, a pedido da Santa Casa da Misericórdia de Fortaleza, aponta que a estrutura do "Casarão do Jacarecanga" — também conhecido como "Casarão da Santa Casa", não tem mais condições de ser recuperada. Assim, a única opção para o imóvel, que está interditado desde 2021 pela Defesa Civil de Fortaleza, seria a demolição. As informações foram passadas por Vladimir Spinelli, provedor da Santa Casa.
"A Santa Casa tem um laudo que indica a demolição como única opção, hoje, para o imóvel. (A gente) pede para que a Prefeitura cuide da demolição, já que a Santa Casa não tem condições de arcar. E, o prédio, não é da Santa Casa. A (instituição) dispõe apenas do segundo andar", explica o provedor.
Em nota, a Defesa Civil de Fortaleza afirmou que, na ocasião da interdição em 2021, os agentes do órgão realizaram uma vistoria técnica e foi constatado o risco de desabamento por conta do estado estrutural precário do imóvel. Os moradores foram retirados e o prédio interditado. Os proprietários receberam o relatório técnico e a notificação para os devidos reparos.
Em 2022, o caso foi encaminhado à Procuradoria Geral do Município (PGM), que ajuizou ação judicial, cuja decisão liminar foi proferida em dezembro de 2023, para que os responsáveis realizem os reparos necessários, sob multa diária de R$ 500 por dia de descumprimento.
Hoje, o processo está no Ministério Público Estado do Ceará (MP-CE) e a Prefeitura de Fortaleza segue acompanhando o caso.
Localizado na Rua Oto de Alencar, 121, o Casarão é um bem particular e nunca foi tombado. O prédio foi projetado pelo arquiteto húngaro Emílio Hinko, quando ele se mudou para o Brasil na década de 1930.
"Tem muita arquitetura dele aqui em Fortaleza. Ele fez muita coisa aqui (na Capital) e em São Paulo. Esses casarões foram feitos por ele, pertencia à família dele e, depois, ele doou à Santa Casa", cita Silvestre Neto, 65. Ele é dono do restaurante Casarão Self-Service e Bar, localizado ao lado do prédio que pode ser demolido.
Vale ressaltar que apenas o segundo andar da estrutura pertence à Santa Casa, mas o hospital nunca funcionou no local. "O pavimento foi uma boa ação feita anos atrás. É um apartamento que foi locado como uma fonte extra de recursos para a Santa Casa. A [instituição] nunca funcionou nesse prédio. O pavimento pertence à Santa Casa por doação", explica Spinelli.
O provedor ainda destaca que, em um cenário ideal, ele não é a favor da demolição. O que acontece, é que, conforme o laudo, não existe outra opção. "Se houver algum outro estudo demonstrando que o prédio pode ser recuperado, obviamente, essa seria a melhor solução quando a gente pensa na história e na cultura cearense, porque é mais um prédio que vai abaixo".
"Para a Santa Casa, a melhor das opções seria a recuperação e a gente estaria disposto a recuperar, mas, lamentavelmente, não parece [ser possível]", continua.