O relatório Futuro dos Empregos 2023, do Fórum Econômico Mundial, estima que o comércio digital levará aos maiores ganhos absolutos em empregos: são esperadas aproximadamente 2 milhões de novas funções habilitadas digitalmente — como especialistas em comércio eletrônico, em transformação digital e em marketing e estratégia digital.
Ao mesmo tempo, as funções em declínio mais rápido também deverão ser impulsionadas pela tecnologia e digitalização — como funções administrativas ou de secretariado, caixas de banco e funcionários de entrada de dados.
Embora as empresas pesquisadas no relatório tenham registrado para baixo suas expectativas de automação adicional e de substituição do trabalho físico e manual por máquinas, a perspectiva é de que o raciocínio, a comunicação e a coordenação — todas características com vantagem comparativa para os seres humanos — sejam mais automatizáveis num futuro bem próximo.
"Espera-se que a inteligência artificial, um dos principais impulsionadores do possível deslocamento algorítmico, seja adotada por quase 75% das empresas pesquisadas e que leve a uma alta rotatividade, sendo que 50% das organizações esperam que ela gere crescimento de empregos e 25% esperam que ela gere perda de empregos", evidencia a pesquisa.
A inteligência artificial também poderá afetar a desigualdade de rendimentos e de riqueza dentro dos países, de modo a acentuar ainda mais a polarização dentro dos escalões de rendimento — com os trabalhadores que podem aproveitar a IA e ver um aumento na sua produtividade e nos seus salários e aqueles que não podem ficar para trás.
Fato é que, de acordo com o relatório, o efeito sobre o rendimento do trabalho vai depender da forma que a IA irá complementar os trabalhadores com rendimentos elevados.
"Se a IA complementar significativamente os trabalhadores com rendimentos mais elevados, poderá levar a um aumento desproporcional do seu rendimento do trabalho. Além disso, os ganhos de produtividade das empresas que adotam a IA provavelmente aumentarão os retornos de capital, o que também poderá favorecer os trabalhadores com rendimentos mais elevados. Ambos os fenômenos poderão exacerbar a desigualdade", sugere o estudo.
Na maioria dos cenários, a IA deve agravar a desigualdade de maneira geral, o que o FMI ressalta como "uma tendência preocupante que os decisores políticos devem abordar de forma proativa para evitar que a tecnologia alimente ainda mais as tensões sociais".