As fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul, no fim de abril deste ano, são um exemplo de como as mudanças climáticas podem impactar não só a vida cotidiana, como também os índices econômicos. De acordo com a avaliação realizada pelo Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco (Depec-Bradesco), o estado gaúcho pode terminar o ano com o Produto Interno Bruto (PIB) com crescimento praticamente zero.
Anteriormente, a Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs) projetava crescimento do PIB de 4,7% em 2024. No entanto, o levantamento indicou que pode haver uma perda de até quatro pontos percentuais após a tragédia climática.
Com essa queda, o impacto no PIB brasileiro seria na ordem de 0,2 a 0,3 ponto percentual no sentido negativo. A estimativa leva em conta o peso do Rio Grande do Sul na economia brasileira, já que o Estado corresponde a 6,5% do PIB brasileiro (participação em 2021 - último dado do IBGE).
Para Alexsandra Muniz, pesquisadora da Rede Observatório das Metrópoles, as enchentes impactaram diversos setores. A economia, por sua vez, ainda está em processo de avaliação. "Ainda não é possível calcular um número exato dos danos econômicos porque o impacto maior foi na vida das pessoas. Assim, a pesquisadora reforça a importância de medidas estruturantes. "Essas comunidades que vivem às margens de áreas de recursos hídricos precisam de projetos de revitalização. Não podemos ficar apenas esperando novos incidentes naturais."
Nesse sentido, é fundamental que sejam implementadas políticas de gestão de recursos hídricos, sistemas de alerta preventivos, e construção de barragens. Além de melhorar a forma como manejamos a agricultura, a pecuária e o agronegócio, seja através da monocultura ou da diversificação, é crucial.
"Muitas vezes, só após os desastres se busca amenizar as consequências, enquanto já deveríamos ter estudos contínuos para evitar catástrofes. O que aconteceu no Rio Grande do Sul não está longe de se repetir em outros lugares, pois envolve tanto fenômenos naturais quanto negligência na gestão do ecossistema e da economia."