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Fortaleza tem mais de 4 mil templos religiosos e maioria está na periferia
Reportagem

Fortaleza tem mais de 4 mil templos religiosos e maioria está na periferia

A quantidade de igrejas chega a ser maior que o total de estabelecimentos de saúde (1.573) e ensino (2.337) combinados na Capital. Número de templos diverge dos registros em órgãos fiscais
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Avenida Leste Oeste, que corta diversos bairros de Fortaleza, tem mais de 30 igrejas. Alguns quarteirões tem mais de um templo (Foto: FÁBIO LIMA)
Foto: FÁBIO LIMA Avenida Leste Oeste, que corta diversos bairros de Fortaleza, tem mais de 30 igrejas. Alguns quarteirões tem mais de um templo

É comum andar nas ruas da periferia de Fortaleza e encontrar dezenas de igrejas em uma mesma via. Entre templos maiores e outros que se confundem com comércios ou residências, a Capital tem 4.081 estabelecimentos religiosos. O dado é do Cadastro Nacional de Endereços para Fins Estatísticos (Cnefe), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Cruzando os dados com a malha geográfica dos bairros, é possível ver que os estabelecimentos religiosos se concentram na periferia, mais distantes do Centro. Granja Lisboa é o bairro com maior número de igrejas, com 178 templos. Ele é seguido pelo Siqueira (161) e Jangurussu (154). Já o Meireles tem o menor número, com dois templos computados.

A concentração de igrejas forma ainda “corredores de fé”, que são caracterizados por vias com grande número de templos. A avenida Presidente Castelo Branco, ou Leste Oeste, tem mais de 30 igrejas, sendo a maioria evangélica. Ela cruza bairros como o Pirambu, Cristo Redentor e Barra do Ceará, que têm 27, 26 e 110 estabelecimentos religiosos, respectivamente.

A quantidade de igrejas chega a ser maior do que o número de estabelecimentos de saúde (1.573) e ensino (2.337) combinados na Capital. Fortaleza tem 168 templos a cada 100 mil habitantes. Entre as outras capitais do Brasil, Fortaleza é a 6ª em maior número de templos e a 22ª quando comparadas as taxas por 100 mil habitantes.

Os estabelecimentos de saúde também têm uma concentração em área específica da cidade, mas, ao contrário dos religiosos, eles são mais numerosos próximos ao centro. O bairro com a maior quantidade desse tipo de estabelecimento é a Aldeota, com 265. Eles podem incluir hospitais, clínicas de atendimento ou exames, etc.

Esta é a primeira vez que os estabelecimentos religiosos ganham uma classificação própria no Cnefe. Em outras edições do Censo, eles estavam agrupados em estabelecimentos com “outras finalidades”, como lojas, comércios, entre outros. No entanto, não é descrito a quais religiões os templos pertencem.

O número de templos é divergente dos registrados em órgãos fiscais. Em reportagem especial de 2022, O POVO mostrou que existiam 1.759 pessoas jurídicas em atividade como “organizações religiosas” na Capital, conforme a Superintendência da 3ª Região Fiscal da Receita Federal do Brasil (RFB). Já a Secretaria Municipal das Finanças (Sefin) apontava 910 organizações religiosas com imunidade ou isenção tributárias.

Isso mostra que grande parte dos estabelecimentos religiosos são informais. O advogado Jean Montenegro explica que templos informais podem começar em locais de trabalho comunitário, casas de oração ou pequenos templos de uma igreja sede.

“Iniciaram com um encontro entre pessoas próximas, vizinhos, que aos poucos foram ganhando uma amplitude maior, foi crescendo e as pessoas que estão à frente da igreja acabam não realizando ali a sua formalização, ou seja, a realização dos seus atos constitutivos e criação do seu CNPJ”, afirma.

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