A realidade descrita por Francisco Vasconcelos Júnior já é vivenciada pelos cearenses. As chuvas intensas, por exemplo, são apontadas por especialistas como uma das consequências diretas das mudanças climáticas.
"A maior quantidade de vapor de água na atmosfera [causada pela evaporação acelerada devido às altas temperaturas] torna os eventos climáticos mais intensos e extremos, resultando em chuvas mais fortes e rápidas, como as que temos observado em várias regiões do Ceará", explica.
A intensidade das chuvas é medida pela quantidade de "água que cai" em um determinado período. Por exemplo, a queda de 100 milímetros (mm) de chuva em apenas uma hora é bem diferente de 100 mm bem distribuídos ao longo de 24 horas.
"Um exemplo recente ocorreu no Carnaval, quando algumas áreas de Fortaleza registraram mais de 200 mm de chuva em poucas horas, causando inundações e prejuízos", acrescentou ele.
O pesquisador se refere à chuva de 11 e 12 de fevereiro de 2024, a segunda maior em 50 anos em Fortaleza, com 215 mm registrados, principalmente na manhã de sábado. O volume também causou quedas de energia e árvores em diversos pontos da Cidade, bem como o cancelamento de festividades de carnaval ao ar livre, que ocorriam na época.
"No Interior, o impacto das fortes chuvas tende a ser menor, já que a água é absorvida com mais facilidade pelo solo. No entanto, nas áreas urbanas como em Fortaleza, a drenagem urbana é um desafio constante e não tem acompanhado o aumento das chuvas intensas", ressalta o pesquisador.