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Doenças relacionadas à falta de saneamento
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Reportagem

Doenças relacionadas à falta de saneamento

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A falta de saneamento básico contribui para o adoecimento da população. É o que indicou uma pesquisa feita pelo Sindicato Nacional das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto (Abcon Sindcon), através de dados do Sistema Único de Saúde (SUS). O levantamento mostrou que mais de 30 doenças relacionadas à falta de saneamento causaram, em média, 7,8% dos óbitos em internações no Brasil no período de 2021 a 2023.

No Ceará, o quadro resultou em 18.008 internações e 3.884 óbitos de pacientes internados apenas no ano de 2023. O Estado apresenta a terceira pior taxa em todo País de pacientes que vão à óbito por doenças relacionadas ao problema (13,3%). Em primeiro lugar, aparece o estado do Amazonas (15%), seguido por Pernambuco (13,7%).

Para o professor do departamento de ciências biológicas da Universidade Regional do Cariri (Urca), Laercio de Moraes, saneamento básico e saúde pública são conceitos diretamente ligados. Ele defende que investimentos feitos para o tratamento adequado de esgoto e fornecimento de água própria para consumo humano têm consequências imediatas para o bem-estar da população.

"No Brasil, ainda temos cerca de 90 milhões de brasileiros, o que correspondente a cerca de 45% da população, que não têm acesso a coleta de esgoto. Esse esgoto tem uma série de componentes que afetam a qualidade do meio ambiente e a saúde da população, uma vez que várias doenças são de veiculação hídrica. A população acaba entrando em contato com o esgoto à céu aberto, porque não há redes de coleta, e por isso têm aumentado o número de doenças relacionadas às águas servidas", pontua.

Além disso, o pesquisador afirma que a falta de saneamento básico acarreta em consequências econômicas. Segundo ele, quanto maior o adoecimento da população, maior a sobrecarga dos serviços públicos de saúde.

Um levantamento feito pelo Instituto Trata Brasil, usando dados da Pesquisa Nacional de Saúde feita em 2019 pelo IBGE, mostrou que 1,6 milhão de brasileiros afastaram-se do trabalho para tratar doenças de veiculação hídrica. Apenas no Ceará, o número de trabalhadores que adoeceram naquele ano foi de 2,1 milhões. A taxa de incidência no Nordeste foi maior que a média nacional.

"As doenças de veiculação hídrica, como é o caso da dengue, cólera, diarreia, leptospirose, hepatite A, giardíase e outras verminoses que podem ser adquiridas a partir da água não tratada, causam um impacto econômico direto", indica.

"Essa população, ao adoecer, não comparece aos seus postos de trabalho e precisam ser substituídas, diminuindo a produtividade pela ausência de mão de obra, além do aumento da pressão do sistema de saúde, público ou privado. Seja pela ausência ou não preparo das municipalidades para o tratamento das doenças, ou seja pelo próprio custeio dos tratamentos e das consultas médicas necessárias em caso de adoecimento", finaliza Laercio.

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